Do amor abandonado em Memórias do mar aberto: Medeia conta sua história, de Consuelo de Castro, e Medeia, de Eurípides

Autores/as

Palabras clave:

Medeia. Memórias do mar aberto: Medeia conta sua história. Recepção. Amor. Abandono. Espaço.

Resumen

Memória do Mar Aberto: Medeia conta sua História — obra da dramaturga mineira Consuelo de Castro (1946-2016) —, trata da ambiguidade do sentimento amoroso e da paixão devastadora que Medeia, a feiticeira da Cólquida, nutre pelo argonauta Jasão. Na releitura de Consuelo de  Castro, a pompa bárbara e a nobreza argiva da tragédia de Eurípides dão lugar ao lixo, na praia, e ao terreno baldio. Nesse cenário inóspito, em primeiro plano estão o cais do porto, onde se vê, abandonada, o casco da Nave de Argo e a sala do trono de Creonte. Em Eurípides, o barco (σκάφος, v.1), e sua construção, é a representação simbólica dos infortúnios de Medeia; pois, nele, se Jasão nunca tivesse zarpado (διαπτάσθαι, v.1) rumo à Cólquida, a princesa bárbara jamais teria se apaixonado pelo argonauta e ido à terra grega, após trair o pai e os irmãos, entregando-lhe o tosão de ouro. O barco, que em Eurípides movimenta o enredo da tragédia, encontra-se, na obra de Consuelo de Castro, ancorado - em um canto qualquer do mundo -, abrigando vidas infelizes e devastadas por Eros. Neste artigo, analisamos o amor e a paixão, na Medeia euripidiana, reconstruídos como elementos responsáveis pelo abandono de si e pela dimensão dramática do humano em Consuelo de Castro.

Biografía del autor/a

Orlando Luiz de Araújo, Universidade Federal do Ceará (UFC)

Professor de Língua e Literatura no Departamento de Letras Estrangeiras da Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutor em Letras Clássicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC).

Citas

BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. Tradução de Hortênsia dos Santos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1985.

CASTRO, Consuelo de. Memória do mar aberto: Medeia conta sua história. In: Três histórias de amor e fúria. São Paulo: Giostri Editora, 2014.

CASTRO, Consuelo de. O teatro não precisa de prêmios, mas de liberdade. Aqui, São Paulo, 1976.

CASTRO, Consuelo de. Urgência e ruptura. São Paulo: Perspectiva, 1989.

CHAUÍ, Marilena. Participando do debate sobre mulher e violência. In: Perspectivas antropológicas da mulher. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

EURÍPIDES. Medeia. Edição Bilíngue. Tradução de J. A. A Torrano. São Paulo: Editora HUCITEC, 1991.

EURÍPIDES. Medeia. Tradução de Trupersa. São Paulo: Ateliê Editorial, 2013.

MOTA, Carlos Guilherme. In: CASTRO, Consuelo de. À prova de fogo. São Paulo: Hucitec, 1977.

PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Tradução de J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. São Paulo: Perspectiva, 1999.

Publicado

2024-07-08

Número

Sección

Dossiê Transposições nos Estudos da Antiguidade(s)