CONHECIMENTO “SEM MAIS” E A QUESTÃO DO PRINCÍPIO DA CIÊNCIA NOS SEGUNDOS ANALÍTICOS DE ARISTÓTELES
DOI:
https://doi.org/10.30611/2021n23id71848Palavras-chave:
Conhecimento, Demonstração, Princípios, Aristóteles, PlatãoResumo
Aristóteles inicia o livro dos Segundos Analíticos afirmando que a relação inerente ao ensino/aprendizagem é oriunda de um conhecimento prévio. Também, diz que o conhecimento científico demonstrativo, ao possibilitar um conhecimento sem mais, escapa da dificuldade presente no Mênon, de Platão. Basicamente, essa aporia expressa a impossibilidade de se conhecer, de fato, algo, uma vez que, ao se assumir um dos seguintes dois pontos de partida, nos perceberemos sem saída: 1) a ignorância: se não se sabe algo, como buscar conhecê-lo? Ou, se ao encontrá-lo, como saber se isso era o que se estava a procurar? 2) conhecimento prévio: se se conhece previamente algo, podemos chamar de conhecimento aquilo que se alcança à medida que já sabíamos? Pelo fato de Aristóteles, além de estar consciente da aporia do Mênon, indicar o conhecimento científico demonstrativo como livre da problemática do Diálogo de Platão, buscaremos neste artigo compreender, tanto o que é o conhecimento sem mais nos Segundos Analíticos, como, em que medida, ele, partindo de um conhecimento prévio, supera a aporia supracitada. Veremos que é razoável afirmar que na demonstração de um silogismo obtemos um certo tipo de conhecimento, muito embora isto não seja suficiente para sanar as dúvidas e os impasses que surgem do próprio fundamento desse conhecimento científico por demonstração.
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