A FUNDAMENTAÇÃO SUBJETIVA E SOCIAL DA RELIGIÃO EM LUDWIG FEUERBACH E KARL MARX

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30611/2018n12id33326

Palavras-chave:

Religião em Feuerbach e Marx. O Fundamento da Religião em Feuerbach e Marx. A Diferença da Religião em Feuerbach e Marx.

Resumo

O presente artigo pretende explicitar a diferença entre as concepções de religião em Ludwig Feuerbach e Karl Marx, no intuito de compreender por que a religião tornou-se, novamente, uma questão atual. Incialmente, mostrar-se-á a fundamentação subjetiva da religião em Feuerbach, principalmente em sua obra principal, A Essência do Cristianismo, em que ele deixa claro que o Cristianismo coloca no seu cume um deus subjetivo, pessoal, ilimitado, que cria através do “puro pensar” e do “querer” a natureza e o homem. Em seguida, diferentemente das argumentações de Feuerbach, evidenciar-se-á a fundamentação social da religião em Marx. Embora não haja no pensamento de Marx uma elaboração sistemática acerca da religião, há uma crítica a ela enquanto crítica social das condições materiais de existência, que é o fundamento dela. Para Marx, a religião, entendida especificamente como superstição, idolatria, “ópio”, que conforma o homem e embaraça a sua consciência, deve ser negada, mas não se trata pura e simplesmente de um desprezo, de uma proibição ou perseguição à religião, nem tampouco de uma negação em geral a ela, uma vez que ela é uma questão privada e deve ser respeitada, mas de desvelar o véu religioso presente na sociedade e no seu ordenamento político, no Estado, que oculta a exploração e a opressão humana. A crítica à religião como crítica da realidade social, da qual ela nasce e é expressão ideal, contribui, de certa forma, para a emancipação social do homem. Por último, procurar-se-á refletir sobre o lugar e a função da religião dentro de seu contexto sócio-político-econômico, no intuito de compreender melhor, por exemplo, o papel dela nas diferentes crises no mundo atual.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Pilatos e Jesus. São Paulo: Boitempo Editoral, 2014.

ALVES, Rubem Azevedo. O suspiro dos oprimidos. São Paulo: Paulus, 1999.

BENJAMIN, Walter. O capitalismo como religião. São Paulo, Boitempo, 2013.

BETTO, Frei. Fidel e a religião. São Paulo: Editora Brasiliense, 1986.

______. Cristianismo e marxismo. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1986.

BORON, A. A teoria marxista hoje: problemas e perspectivas. São Paulo: Expressão Popular, 2006.

CHAGAS, Eduardo F. Natureza e liberdade em Feuerbach e Marx. Campinas: Editora Phi, 2016.

______. “A vontade é livre? Natureza e ética em Ludwig Feuerbach”. In: Dialectus – Revista de Filosofia. Fortaleza, nº 06, 2015. Disponível em: http://www.revistadialectus.ufc.br/index.php/RevistaDialectus.

______. “A religião em Feuerbach: Deus não é Deus, mas o homem e/ou natureza divinizados”. In: Dialectus – Revista de Filosofia. Fortaleza, nº 04, 2014. Disponível em: http://www.revistadialectus.ufc.br/index.php/RevistaDialectus.

______. “Hegel e Marx: o caráter formal-abstrato dos Direitos Humanos”, in: Filosofia e Direitos Humanos. Série Filosofia, v. 4, Fortaleza: Editora UFC, 2006, p. 249-68.

______. “A aversão do cristianismo à natureza em Feuerbach”. Philósophos – Revista de Filosofia, v.15, nº 2, Goiânia-Go, 2010.

______. Homem e natureza em Ludwig Feuerbach. Série Filosofia, nº 8, Fortaleza: Edições UFC, 2009.

______. A majestade da natureza em Ludwig Feuerbach. In: Homem e natureza em Ludwig Feuerbach. Série Filosofia, n° 8. Fortaleza: Edições UFC, 2009.

______. “A razão em Feuerbach como base da unidade do homem e da natureza”. Princípios – Revista de Filosofia, v.14, nº 21, Natal-RN, jan./jun. 2007.

______. “Feuerbach e Espinosa: Deus e Natureza, dualismo ou unidade?” Trans/Form/Ação - Revista de Filosofia, v. 29, nº 2, São Paulo-SP, 2006.

______. “A questão do começo na filosofia de Hegel – Feuerbach: crítica ao começo da filosofia de Hegel na Ciência da lógica e na Fenomenologia do espírito. In: Revista Eletrônica de Estudos Hegelianos, v. 2, nº 1, Recife-PE, 2005.

______. Religião: o homem como imagem de Deus ou Deus como imagem do homem? In: Formação humana: liberdade e historicidade. Ercília Maria Braga de Olinda (Org.). Fortaleza: Edufc, 2004.

______. A autonomia da natureza em Ludwig Feuerbach. In: Filosofia, educação e realidade. José Gerardo Vasconcelos (Org.). Fortaleza: Edufc, 2003.

_____. A comunidade ilusória: a teoria do estado no jovem Marx. Porto Alegre: IJUÍ, 1998.

_____. “A cisão do mundo ético: lei divina e lei humana na Fenomenologia e na Antígona”. In: Revista de educacão e filosofia, n°. 15, Uberlândia-MG 1994, S. 67-74.

______. “Projeto de uma nova filosofia como afirmacão do homem em Ludwig Feuerbach”. In: Teoria & Praxis - Revista de Ciências Humanas e Política, n°. 4, Goiânia-GO 1992, p. 31-36.

CHAGAS, Eduardo F.; Redyson, Deyve. Ludwig Fuerbach: filosofia, religião e natureza. São Leopoldo, Editora Nova Harmonia, 2011.

ENGELS, F. Der deutsche Bauernkrieg. In: Marx/Engels, Werke (MEGA). Berlin: Dietz Verlag, 1960, v. 7.

______. Ludwig Feuerbach und der Ausgang der klassisiche deutsche Philosophie. Werke (MEGA). Berlin: Dietz Verlag, 1960, v. 21.

______. Dialektik der Natur. In: Marx/Engels, Werke (MEGA). Berlin: Dietz Verlag, 1960, v. 20.

FEUERBACH, L. Zur Beurteilung der Schrift “Das Wesen des Christentums”. Org. por W. Schuffenhauer, GW 9, Berlin: Akademie-Verlag, 1970.

______. Vorlesungen über das Wesen der Religion. Org. por W. Schuffenhauer, GW 6, Berlin: Akademie-Verlag, 1967.

______. Das Wesen des Christentums. Org. por W. Schuffenhauer, GW 5, Berlim: Akademie-Verlag, 1973.

_______. Para a crítica da filosofia de Hegel. Edição Bilíngue. Tradução: Adriana Veríssimo Serrão. Apresentação: Eduardo Chagas e Deyve Redyson. São Paulo: LiberArs, 2012.

FREUD, Sigmund. Totem und Tabu. In: Studienausgabe, Frankfurt am Main. Fischer Taschenbuch Verlag, 2000, band. IX.

_______. Die Zukunft einer Illusion. In: Studienausgabe, Frankfurt am Main. Fischer Taschenbuch Verlag, 2000, band. IX.

_______. Der Mann Moses und Die Monotheistiche Religion. In: Studienausgabe, Frankfurt am Main. Fischer Taschenbuch Verlag, 2000, band. IX.

G. COTTIER, O. P. Cristãos e marxistas – diálogo com Roger Garaudy. Porto: Brasília Editora, 1968.

GARAUDY, Roger. Deus é necessário? Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995.

______. O marxismo no século XX. São Paulo: Paz e Terra, 1974.

HECKTHEUER, Fábio Rychecki. A religião em Feuerbach e Marx: perspectivas para uma releitura. Dissertação. Pelotas: PUC, 1993.

LACROIX, Jean. Marxismo, existencialismo, personalismo: presença da eternidade no tempo. São Paulo: Paz e Terra, 1967.

LAFARGUE, Paul. Por que crê em Deus a burguesia? Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/lafargue/1906/deus/

_______. A religião do capital. Rio de Janeiro: Editora Achiamé, s/d.

LÉNIN, V. I. O socialismo e a religião. Lisboa: Edições Avante, 1984, v. 1.

________. Sobre a atitude do partido operário em relação à religião. Lisboa: Edições Avante, 1984, v. 1.

LÖWY, Michael. A guerra dos deuses: religião e política na América Latina. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

_________. “Marxismo y religión: opio del pueblo?”. In: La teoria marxista hoy – problemas y perspectivas. Buenos Aires: Editora Clacso, 2006.

LUCKMANN, Thomas. A religião invisível. São Paulo: Loyola, 2014.

LUKÁCS, György. La religione come estraniazione. In: Ontologia dell’essere sociale. Roma: Editori Riuniti, 1981, v .2.

LUXEMBURGO, Rosa. O socialismo e as igrejas: o comunismo dos primeiros cristãos. Rio de Janeiro: Editora Achiamé, 1980.

MARX, K. Ökonomisch-philosophische Manuskripte aus dem Jahre 1844. Marx/Engels, Werke (MEGA), Bd. 40. Dietz Verlag, Berlin, 1990.

_______. Zur Kritik der hegelschen Rechtsphilosophie. Einleitung. In: Marx/Engels, Werke (MEGA). Berlin: Dietz Verlag, 1957, v. 1.

_______. “Nr. 179 der Kölnischen Zeitung” (“Editorial do Nº 179 da „Gazeta de Colônia‟”) (1842), in: Marx/Engels, Werke (MEGA), Berlin: Dietz Verlag, 1957, v. 1.

_______. Zur Judenfrage. In: Marx/Engels, Werke (MEGA), Berlin: Dietz Verlag, 1957, v. 1.

_______. Thesen über Feuerbach. In: Marx/Engels, Werke (MEGA). Berlin: Dietz Verlag, 1958, v. 3.

________. Das Kapital. In: Marx/Engels, Werke (MEGA). Berlin: Dietz Verlag, 1962, v. 23.

________. Differenz der Demokritischen und Epikureischen Naturphilosophie. in: MARX/ENGELS, Werke (MEGA), Ergänzungsband, Erster Teil, Berlin: Dietz Verlag, 1968.

________. Kritik der Politischen Ökonomie. In: Marx/Engels, Werke (MEGA). Berlin: Dietz Verlag, 1983, v. 13.

MARX, K/ ENGELS, F. Die deutsche Ideologie. In: MARX/ENGELS, Werke (MEGA). Berlin: Dietz Verlag, 1958, v. 3.

_______. Manifest der Kommunistischen Partei (Manifesto do Partido Comunista) (1848), in: Marx/Engels, Werke (MEGA), Berlin: Dietz Verlag, 1959, v. 4.

MARX, K./ENGELS, F. Sobre a religião. Lisboa: Edições 70, 1972.

MICHAELS, Axel. Klassiker der Religionswissenschaft – Von Fredrich Schleiermacher bis Mircea Eliade. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1997.

MINOIS, Georges. História do ateísmo. São Paulo: Editora Unesp, 2014.

MONDIN, Battista. Quem é Deus? Elementos de teologia filosófica. Tradução José Maria de Almeida. São Paulo: Paulus, 1997.

MOTA, Francisco Alencar: “Marx e a religião: pressupostos básicos para uma compreensão da religião na obra de Marx.” In: Dialectus – Revista de Filosofia. Fortaleza, nº 04, 2014.

NIETZSCHE, F. David Strauss: sectário e escritor. São Paulo: Escala, 2008.

PORTELLI, Hugues. Gramsci e a questão religiosa. São Paulo: Paulinas, 1984.

PROENÇA, Eduardo de (org.). Apócrífos e pseudo-epígrafos da Bíblia. São Paulo: Fonte Editorial, 2005.

RAWIDOWICZ, S. Ludwig Feuerbachs Philosophie - Ursprung und Schicksal. Berlin: Walter de Gruyter & Co, 1964.

VATTIMO, Gianni. Depois da cristandade – por um cristianismo não religioso. Rio de Janeiro: Record, 2004.

VERRET, Michel. Os marxistas e a religião – ensaio sobre o ateísmo moderno. Lisboa: Prelo Editora, 1975.

XENOPHANES. Fragmente – Vorsokratiker. Org. por W. Capelle, Stuttgart: Reclam, 1968.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Abril Cultural, 1980 (Os Pensadores).

_______. Rejeições religiosas do mundo e suas direções. São Paulo: Abril Cultural, 1980 (Os Pensadores).

WEISCHEDEL, Wilhelm. Der Gott der Philosophen – Grundlegung einer Philosophischen Theologia im Zeitalter des Nihilismus. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1983.

Downloads

Publicado

2018-08-06

Edição

Seção

Dossiê A Filosofia Neohegeliana: Sobre a Necessidade de um Debate na Atualidade