ORDENAR AS PAIXÕES: RECONHECIMENTO E SOCIABILIDADE NO EMÍLIO DE ROUSSEAU - PRIMEIRA PARTE
DOI:
https://doi.org/10.30611/2019n15id43153Keywords:
Consciência, Educação, Medicina, Reconhecimento, SociabilidadeAbstract
Este artigo examina em Emílio, ou Da educação o princípio da ordem das paixões como condição de sociabilidade. Pretende-se mostrar que, para Rousseau, “ordenar as paixões humanas” diz respeito não apenas a uma estratégia profilática retentora das paixões maléficas que necessariamente surgem junto com o amor-próprio ao longo do desenvolvimento de Emílio, mas também a uma tentativa para se compreender a relação entre moral e política do ponto de vista daquilo que hoje denominaríamos “teoria do reconhecimento”. Trata-se aqui de expor a formulação do problema ‘como ordenar as paixões ligadas ao amor-próprio?’ no quadro da educação moral do jovem aluno, adotando como hipótese que a relação entre estima e consciência é o alicerce teórico sobre o qual Rousseau elabora um modelo de sociabilidade que leva em conta a ideia de reconhecimento.
References
BERNARDI, B. La Fabrique des concepts : recherches sur l’invention conceptuelle chez Rousseau. Paris: Honoré Champion, 2006.
BROUZET, P. Essai sur l’éducation médicinale des enfants et sur leurs maladies. Paris, 1754.
BURGELIN, P. Jean-Jacques Rousseau et la religion de Genève. Paris: Labor et Fides, 1962.
CANGUILHEM, G. O conhecimento da vida. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
CRÉTOIS, P. De Rousseau comme précurseur de la philosophie sociale : dépasser la lecture honnéthienne de Rousseau. Rousseau Studies, n. 5, 2017.
CUNNINGHAM, A. Sympathy in Man and Nature. Tese (Doutorado em Filosofia). Toronto, 1999. Department of Philosophy – University of Toronto.
DALBOSCO, C. A. Condição humana e formação virtuosa da vontade: profundezas do reconhecimento em Honneth e Rousseau. Educação e Pesquisa, v. 40, n. 3, 2014.
DELON, M. L’Idée d’énergie au tournant des Lumières (1770-1820). Paris: PUF, 1988.
DENT, N. Rousseau: An Introduction to his Psychological, Social and Political Theory. Oxford: Basil Blackwell, 1988.
DIDEROT, D.; D’ALEMBERT, J. Enciclopédia, ou Dicionário razoado das ciências, das artes e dos ofícios, v. I. São Paulo: Edunesp, 2015.
______. Encyclopédie, ou Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers. 1751-1772. Disponível em <http://encyclopedie.uchicago.edu>. Acessado em 15/11/2019.
DUCHESNEAU, F. L’Empirisme de Locke. Le Haye: M. Nijhoff, 1973.
GAY, P. The Enlightenment: An Interpretation, v. II. New York: Norton, 1977.
HIPÓCRATES. Epidemies I; Airs, Waters, Places. In: JONES, W. H. S. (Ed.). Hippocrates, v. I. Cambridge: Harvard University Press, 1967.
HONNETH, A. Reconnaissance. In: CANTO-SPERBER, M. (Org.). Dictionnaire d’éthique et de philosophie morale. 2ª ed. Paris: Presses Universitaires de France, 1997.
______. La sociedad del desprecio. Madrid: Trotta, 2011.
______. Abismos do reconhecimento: o legado sociofilosófico de Jean-Jacques Rousseau. Civitas, v. 13, n. 3, 2013. [Texto original: Untiefen der Anerkennung. Das sozialphilosophische Erbe Jean-Jacques Rousseaus. WestEnd - Neue Zeitschrift für Sozialforschung, v. 9, n. 1/2, 2012.]
______. Freedom’s Right: The Social Foundations of Democratic Life. Columbia University Press, 2014.
HUME, D. Tratado da natureza humana. 2ª ed. São Paulo: Edunesp, 2009.
JACOB, M. The Newtonians and the English Revolution, 1689-1720. Ithaca: Cornell University Press, 1976.
JAEGER, W. Paideia: a formação do homem grego. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
JAMES, R. Dictionnaire universel de médecine, de chirurgie, de chymie, de botanique, d’anatomie, de pharmacie et d’histoire naturelle, etc., t. III. Paris, 1747.
KAWAUCHE, T. Religião e política em Rousseau: o conceito de religião civil. São Paulo: Humanitas; FAPESP, 2013.
______. Emílio e a medicina antiga. Educativa: Revista de Educação, v. 20, n. 1, 2017.
______. Medicina e educação no século XVIII: Rousseau inventor de Emílio. Educação e Filosofia, v. 32, n. 65, 2018.
METZGER, H. Attraction universelle et religion naturelle chez quelques commentateurs anglais de Newton. Paris: Hermann, 1938.
MONTESQUIEU. Do espírito das leis. São Paulo: Abril, 1973.
NEUHOUSER, F. Rousseau’s Theodicy of Self-Love: Evil, Rationality, and the Drive for Recognition. Oxford University Press, 2008.
NEWTON, I. Óptica. São Paulo: Edusp, 1996.
______. Philosophical Writings. Ed. A. Janiak. Cambridge University Press, 2004.
PENIGAUD DE MOURGUES, T. Quelle « politique de la reconnaissance » chez Rousseau ? Une étude conceptuelle des Considérations sur le gouvernement de Pologne. Consecutio Temporum, n. 6, 2014.
______. Amour-propre et opinion dans Rousseau : vers une anthropologie politique de la reconnaissance. In: RENAUT, E. et al. (Org.). La Reconnaissance avant la reconnaissance : archéologie d’une problématique moderne. Lyon: ENS Éditions, 2017.
RICOEUR, P. Parcours de la reconnaissance. Trois études. Paris: Stock, 2004.
ROUSSEAU, J.-J. Discours sur les sciences et les arts ; Discours sur l’origine et les fondements de l’inégalité parmi les hommes. In: GAGNEBIN, B.; RAYMOND, M. (Dir.). OEuvres complètes, t. III. Paris: Gallimard/Bibl. Pléiade, 1964a.
______. Du contrat social, ou Principes du droit politique. In: GAGNEBIN, B.; RAYMOND, M. (Dir.). OEuvres complètes, t. III. Paris: Gallimard/Bibl. Pléiade, 1964b.
______. Émile, ou De l’Éducation. In: GAGNEBIN, B.; RAYMOND, M. (Dir.). OEuvres complètes, t. IV. Paris: Gallimard/Bibl. Pléiade, 1969.
______. Lettre à d’Alembert sur les spectacles ; Essai sur l’origine des langues. In: GAGNEBIN, B.; RAYMOND, M. (Dir.). OEuvres complètes, t. V. Paris: Gallimard/Bibl. Pléiade, 1995.
SALINAS FORTES, L. R. Rousseau: da teoria à prática. São Paulo: Ática, 1976.
SALOMON-BAYET, C. L’Institution de la science et l’expérience du vivant : méthode et expérience à l’Académie royale des sciences, 1666-1793. Paris: Flammarion, 2008.
SOUZA, M. G. Ocasião propícia, ocasião nefasta: tempo, história e ação política em Rousseau. Trans/Form/Ação, v. 29, n. 2, 2006.
SPECTOR, C. De Rousseau à Charles Taylor : autonomie, authenticité, reconnaissance. In: BERNARDI, B. et al. (Org.). Philosophie de Rousseau. Paris: Garnier, 2014.
STAROBINSKI, J. Jean-Jacques Rousseau : la transparence et l’obstacle. Paris: Gallimard, 1971.
______. As máscaras da civilização: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
VARGAS, T. Trabalho e ócio: um estudo sobre a antropologia de Rousseau. São Paulo: Alameda, 2018.
VIEIRA, T. D. As noções de conhecimento útil e sua relação com a formação da autonomia de Emílio: um estudo sobre o projeto pedagógico de Rousseau. Campinas, 2017. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação – Universidade Estadual de Campinas.
VOLTAIRE. Cartas inglesas. São Paulo: Abril, 1973 (Col. “Os Pensadores”).
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
- Authors retain the copyright and grant the journal the right of first publication, with the work simultaneously licensed under the Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International (CC BY-NC-ND 4.0) License, which allows the non-commercial sharing of work, without modifications and with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
- Authors are authorized to take additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg publish in institutional repository or as a book chapter), with acknowledgment of authorship and initial publication in this journal.
- Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online (eg in institutional repositories or on their personal page) at any point before or during the editorial process, as this can generate productive changes as well as increase the impact and citation of published work (See The Free Access Effect).