Giordano Bruno e a crise religiosa da segunda metade do século XVI

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DOI:

https://doi.org/10.30611/2014n4id5177

Resumo

Neste artigo abordamos a crise religiosa que assolou a Europa no século XVI, iniciada com Martinho Lutero (1483-1546) quando tornou pública a sua insatisfação em 1517, contra vários procedimentos da Igreja Católica Apostólica Romana, em particular o tema das indulgências. O movimento denominado Contrarreforma ou Reforma Católica foi uma reação à disseminação dessas ideias, teve como auge a realização do Concílio de Trento realizado em 1545. Teremos como referência para esse estudo a compreensão elaborada por Giordano Bruno (1548-1600) exposta na obra Spaccio de la bestia trionfante, 2007, publicada em Londres em 1584. A referida obra trata especificamente da crise dos valores morais advinda da cisão dos cristãos em católicos e protestantes.  A moral, segundo Bruno é o campo de discussão dos vícios e virtudes, considerados por ele como os primeiros princípios da moral e a religião é considerada como fomentadora da manutenção do convívio social. Para Bruno a sociedade do século XVI não tinha uma religião que desempenhasse este papel, pois se encontrava esfacelada, já que cada grupo defendia uma religião e uma interpretação particular das sagradas escrituras e, porque não dizer, de Deus. A questão principal que permeia a nossa investigação é: o que leva Bruno a criticar seja os católicos, seja os protestantes;  o que nos levou a uma outra indagação: ao criticar ambas, Bruno propõe uma terceira via, um outro sistema religioso? Concluímos que a religião, para Bruno, deve ser considerada como um aglutinador social, um instrumento político a ser usado pelos governantes para manter a ordem entre os seus súditos. Os protestantes e os católicos, ao disputarem a posição de verdadeiros intérpretes da divindade, dos sacramentos e das sagradas escrituras, contribuíram para estabelecer a discórdia entre os fiéis, não cumprindo, assim, o seu papel de mantenedora da paz entre os diferentes grupos sociais. Uma possível saída da crise, anunciada no Spaccio, entendemos que está relacionada a incorporação da religião pelo poder político, ou seja, pelo Estado.

Biografia do Autor

Ideusa Celestino Lopes, Universidade Estadual Vale do Acaraú, UVA

Professora Adjunta do Curso de Filosofia da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA. Doutora em Filosofia pelo Programa Integrado de Doutorado em Filosofia UFRN-UFPB-UFPE.

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Publicado

2016-10-06

Edição

Seção

Dossiê Filosofia e Religião