DISCURSO, PODER E SEXUALIDADE EM FOUCAULT

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DOI:

https://doi.org/10.30611/2017n11id31003

Palavras-chave:

discurso, saber, poder, sexualidade

Resumo

 O artigo aborda o discurso, o poder e a sexualidade na perspectiva de Michel Foucault. A partir da genealogia das relações de poder, Foucault analisa os discursos sobre a sexualidade no Ocidente que constituíram a heterossexualidade como padrão de normalidade. Os discursos da ciência médica no Ocidente enfatizaram a função reprodutiva do sexo e a concepção binária do gênero. Na cultura ocidental, o conhecimento científico constitui um saber médico que classifica as espécies de práticas sexuais. Utilizando a hermenêutica como metodologia, o estudo analisa os discursos da medicina sobre a transexualidade e a disorder of sex development(DSD). Na Ciência Médica, a normalidade da sexualidade se baseia na concepção binária heterossexual e reprodutiva. O gênero é definido a partir das categorizações macho e fêmea. Pessoas que não se adéquam aos seus corpos e desejam mudar o seu gênero possuem transtornos mentais para o saber médico. Outras estruturas anatômicas e fisiológicas da genitália são consideradas patológicas, ou ambíguas e anomalias. A definição da normalidade sexual da Ciência Médica é referência para outros campos do conhecimento, como a Ciência Jurídica. Analisando os discursos da ciência médica na sociedade contemporânea, observa-se a classificação de pessoas ou de práticas sexuais que caracterizam formas de transgressão da normalidade, consideradas como casos patológicos ou anomalias. Desse modo, a “transexualidade”, a “intersexualidade”e outras “espécies” ou práticas sexuais que transgridem as normas científicas sãoclassificadas como patologias.O estudo conclui que a genealogia da sexualidade de Foucault permite refletir sobre a hegemonia do discurso de verdade da medicina na sociedade contemporânea e o modo de classificação das “espécies” sexuais que são consideradas como casos patológicos.

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Publicado

2017-12-29

Edição

Seção

Dossiê Michel Foucault