A RECUSA DO MARXISMO VULGAR OU A CRÍTICA DO “PROGRESSO”: QUE AS COISAS CONTINUEM ASSIM, EIS A CATÁSTROFE

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.30611/2021n21id70896

Palabras clave:

Marxismo, Dialética, Crítica do presente, Herança cultural

Resumen

Tendo vivido quase um século, Ernst Bloch viveu em sua quase totalidade o século XX. Em tal período, toda uma tradição do pensamento social crítico questionou o ideal de progresso dominante entre os séculos XVIII e XIX, ou seja, a época de expansão da burguesia em direção ao planeta inteiro. O escritor de Ludwigshafen, assim como outros pensadores da tradição alemã como Adorno e Benjamin, refletiu a relação entre progresso e catástrofe, rompendo com a ideia de um curso inevitável na história tendendo ao melhor. Na linha dessa reflexão, pretendemos abordar a filosofia de Ernst Bloch, particularmente em O princípio esperança [Das Prinzip Hoffnung], no interior da necessária crítica ao marxismo vulgar da social-democracia alemã da Segunda Internacional. No entender do filósofo, em sua visão determinista e antidialética da história, a social-democracia teria aderido ao ideal burguês de progresso fundado na simbiose entre progresso técnico e progresso social. Em sua opus magna, o pensador enfatiza que tal visão da história, pautada no otimismo de um progresso automático, estaria na contramão do “marxismo crítico”.

Citas

ADORNO, Theodor Wiesengrund; HORKHEIMER, Max. A Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Trad. Guido de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

ANDREUCCI, Franco. A difusão e a vulgarização do marxismo. In: HOBSBAWM, Eric (Org). História do marxismo: o marxismo na época da Segunda Internacional. Vol. II. Trad. Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1982.

BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito de história. In: Magia e Técnica. Arte e Política. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BENJAMIN, Walter. Aviso de Incêndio: Rua de mão única. In: Obras escolhidas. Vol. II. Trad. de Rubens Rodrigues e José Carlos Martins. Brasiliense: São Paulo, 1987.

__________. Passagens. Traduções de Irene Aron e Cleonice P. B. Mourão e organizado por Willi Bolle e Olgária Matos. Belo Horizonte: Editora da UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2007.

BLOCH, Ernst. Du rêve à l’utopie: Entretiens philosophiques. Textos escolhidos e prefaciados por Arno Münster. Paris: Hermann, 2016a.

_______. El pensamiento de Hegel. Trad. Wenceslao Roces. Mexico; Buenos Aires: Fondo de Cultura Economica, 1963.

_______. Il Principio Speranza. Trad. Enrico d’angelis e Tomaso Cavallo. Pref. di Remo Bodei. Milano: Garzanti, 2005.

_______. L’esprit de l’utopie [1918-1023]. Trad. Anne Marie Lang e Catherine Tiron-Audard. Paris: Gallimard, 1977.

_______. O Princípio Esperança [1954-1959]. Vol. I. Nélio Schneider. Rio de Janeiro: EdUERJ; Contraponto, 2005.

_______. O Princípio Esperança [1954-1959]. Vol. II. Werner Fuchs. Rio de Janeiro: EdUERJ; Contraponto, 2006a.

_______. O Princípio Esperança [1954-1959]. Vol. III. Nélio Schneider. Rio de Janeiro: EdUERJ; Contraponto, 2006b.

_______. Rêve diurne, station debout et utopie concrète: Ernst Bloch en dialogue (Entrevistas com José Marchand em 1974. Trad. fr. de Arno Münster). Editions Lignes: Paris, 2016b.

BODEI, Remo; PIZZOLATO, Luigi Franco. A política e a felicidade. Trad. Antonio Agonese. São Paulo: EDUSC, 2000.

FURTER, Pierre. A dialética da esperança: uma interpretação do pensamento utópico de Ernst Bloch. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1974.

HABERMAS, Jürgen. Ernst Bloch: um Schelling marxista. In: Habermas. Trad. e org. Bárbara Freitag e Sérgio Paulo Rouanet. Editora Ática: São Paulo, 1993.

KORSCH, Karl. Marxismo e Filosofia [1923]. Trad. Antonio Sousa Ribeiro. Porto: Afrontamento, 1966.

KOSELLECK, Reinhart. Crítica e crise: uma contribuição à patogênese do mundo burguês. Trad. Luciana Villas-Boas Castelo Branco. Rio de janeiro: contraponto, 1999.

____________. Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Trad. Wilma Patrícia Maas e Carlos Almeida Pereira. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.

LÖWY, Michael. A evolução política de Lukács (1909-1929). Trad. Heloísa E. Mello e Agostinho F. Martins. São Paulo: Cortez, 1998.

MACIEL, Marta M. A. Ernst Bloch e Walter Benjamin: Reflexões acerca das afinidades eletivas. In: Problemata (Revista Internacional de Filosofia). Edição especial: Marxismo e teoria crítica. v. 10, n. 4, 2019, p. 339-359.

MACIEL, Marta M. A.; VIEIRA, A. R. A tematização do futuro no pensamento de Ernst Bloch ou a crítica às filosofias do passado. In: SOUZA, Ricardo Timm e RODRIGUES, U. M. (Orgs.). Ernst Bloch: atualidade das utopias concretas. Vol I. Porto Alegre: Editora Fi, 2016, p. 178-203.

MÜNSTER, Arno. Utopia, messianismo e apocalipse nas primeiras obras de Ernst Bloch. Trad. Flávio Breno Siebeneichler. São Paulo: UNESP Editora, 1997.

PIRON-AUDARD, Catherine. Anthropologie marxiste et psychanalyse selon Ernst Bloch. In: RAULET, Gérard (org.). Utopie-marxisme selon Ernst Bloch: un système de l'inconstructible. Payot: Paris, 1976.

RUSSELL, Jacoby. O fim da utopia. Política e cultura na época da apatia. Trad. de Clóvis Marques. Rio de janeiro: Record, 2001.

RAULET, Gérard (org.). Utopie-marxisme selon Ernst Bloch: un système de l'inconstructible. Payot: Paris, 1976.

STEINBERG, Hans-Josef. O partido e a formação da ortodoxia marxista. In: HOBSBAWM, Eric (Org). História do marxismo: o marxismo na época da Segunda Internacional. Vol. II. Trad. Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1982.

VIEIRA, Antonio Rufino. Marxismo e libertação: estudos sobre Ernst Bloch e Enrique Dussel. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2010.

ZECCHI, Stefano. Ernest Bloch: Utopia y Esperanza en el Comunismo [1974]. Trad. Enric Pérez Nadal. Barcelona: Península, 1978.

Publicado

2021-04-30

Número

Sección

Dossiê Ernst Bloch