FACETAS DA HÝBRIS: DAS VESTES REAIS ESFARRAPADAS DE XERXES AOS PARANGOLÉS DE HÉLIO OITICICA
DOI:
https://doi.org/10.30611/33n33id94058Palabras clave:
Hýbris, Persas, Xerxes, ParangolésResumen
Este artigo constitui-se num exercício de refiguração de uma noção filosófica e literária clássica no âmbito da estética contemporânea, cuja referência é a tragédia Persas, de Ésquilo, a saber, o conceito de hýbris. Este, na figura de Xerxes, manifesta-se em sua soberba ao tentar derrotar os gregos, comandando numeroso exército na batalha de Salamina. Punido pelos deuses por tal desmedida, no êxodo da obra, surge como um imperador derrotado, trajando esfarrapadas vestes reais. Num diálogo com a arte na contemporaneidade, a discussão empreendida pelo artigo é a de refigurar o mencionado conceito como presença potente na manifestação performática criada por Hélio Oiticica: os parangolés. Com esse intuito, este texto está dividido em três movimentos fundamentais: a) a apresentação dos fundamentos clássicos da hýbris, b) a problematização da presença deste conceito na tragédia Persas, de Ésquilo e, finalmente, c) a transmutação por que passa o conceito de hýbris, da perspectiva negativa clássica, presente na tragédia grega, para a estética positiva contemporânea, ostentada nos parangolés de Oiticica.
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