DO CONCEITO DE APARELHO EM VILÉM FLUSSER E DO CAPITALISMO DE INFORMAÇÃO EM BYUNG-CHUNG HAN À DUPLICIDADE HUMANA: UM HORIZONTE PROVÁVEL?
DOI:
https://doi.org/10.30611/33n33id94068Palabras clave:
aparelho em Vilém Flusser, relação sociotécnica, duplicidade humana, capitalismo de informação em Byung Chul-Han, degradação humanaResumen
Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica, pós-doutoral, que tem como ponto de partida as inquietações vividas pela autora durante o auge do período pandêmico em que realizou a experiência educativa remota, mais especificamente, no ano de 2020 e início de 2021, numa instituição federal de ensino, situada no interior do estado de São Paulo, Brasil. A partir da experiência vivida, de transformação da práxis educativa em remota, desenvolvida no ensino superior em cursos de graduação de forma presencial, a pergunta fundamental que surgia naquele contexto se referia ao vir a ser da práxis educativa e das consequências da experiência remota para a educação formal. No entanto, à medida que a pesquisa, ainda inicial, vem se desenvolvendo, a questão do vir a ser da práxis educativa desembocou numa questão mais profunda sobre o vir a ser humano a partir da intensificação da relação sociotécnica em contexto pandêmico e que propicia, ao mesmo tempo, a possibilidade de fusão entre ser humano e aparelho digital, sendo o conceito de aparelho abordado na perspectiva de Vilém Flusser (1920-1991), um filósofo tcheco-brasileiro. O conceito de aparelho em Vilém Flusser é demasiado importante, e interessa o seu resgate, a retomada de seu pensamento, para que compreendamos hoje as tecnologias digitais não como meros instrumentos, mas sim como aparelhos, em que o ser humano vive à espreita, em sua função de, e como funcionário brinca contra o aparelho, esgotando suas virtualidades, sendo por ele dominado, pois como leigos não conhecemos a linguagem informática. É a passagem do homo faber para homo ludens, segundo Flusser. Nesse processo de transformação do ser social em algo que ainda não sabemos como identificar, o que defendemos, por meio do pensamento de Vilém Flusser e de Byung Chung-Han, é a hipótese da duplicidade humana, que consiste numa cisão a partir da fusão cada vez mais intensa entre ser humano e aparelho digital, como horizonte pós-histórico provável, e não desejável, da humanidade. Seria possível a desintegração humana a partir de sua degradação ontológica, no sentido histórico-social, da relação sociotécnica intensa e alienada com o aparelho digital?
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