O ANTIPLATONISMO PRÁTICO DE MAX STIRNER: APROPRIAÇÃO PESSOAL VS. EMANCIPAÇÃO HUMANA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30611/2018n12id33207

Palavras-chave:

Modernidade. Antiessencialismo. Apropriação. Crítica. Egoísmo.

Resumo

Stirner é melhor entendido como um crítico da Modernidade, mas sobretudo como um filósofo existencial da apropriação de ou do retorno a si mesmo, o que para ele envolve uma espécie de perspectivismo em primeiro lugar corpóreo e individual. Como jovem (anti-)hegeliano, ao lado – e concorrente - de Marx, Feuerbach e Bruno Bauer, Stirner volta-se contra a alienação de si na sociedade concebida como substância e igualmente contra o humano concebido como sua essência e medida, tarefa e vocação. Daí decorrem suas posições a favor da livre associação dos indivíduos enquanto únicos (já no interior da sociedade vigente, “tradicional”), a favor de uma rebeldia entendida como soerguimento e florescimento pessoais (ainda que eventualmente dentro de uma revolução social, coletiva, que aquele soerguimento teria necessariamente que completar), e de uma apropriação e fruição de si mesmo, que só dependeria em última análise dele próprio. O indivíduo é então agora, para si, senhor e medida de si mesmo, ainda que isso possa parecer muito pouco de um lado, ou intoleravelmente ofensivo de outro. O que Stirner chama provocativamente de egoísmo não é muito mais do que isso. Frente a seus rivais “teóricos”, ele se recusa a dar a sua posição egoísta o caráter de Crítica mais verdadeira, já que todas as críticas teóricas dependeriam sempre em última análise de um dogma e de um pensamento. Mas apenas o caráter de uma atitude de espontaneidade recuperada/desenvolvida, desejante mais do que pensante, de apropriação, de criação e de autocriação pessoais.

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Publicado

2018-07-30

Edição

Seção

Dossiê A Filosofia Neohegeliana: Sobre a Necessidade de um Debate na Atualidade