QUAIS TENSÕES OU CONFLITOS CIRCUNDAM O USO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA A PRODUÇÃO ESCRITA NAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO?
DOI:
https://doi.org/10.36517/eemd.v45i90.92684Keywords:
produção escrita, inteligência artificial, pesquisas em educação, pós-graduaçãoAbstract
Este ensaio tem como objetivo discutir o uso da inteligência artificial (IA) para a produção escrita no campo das pesquisas em educação. Para tanto, em uma abordagem interpretativa, reflete as eventuais tensões ou conflitos no campo educacional ante a perspectiva de utilização dessa assistência na geração de conteúdo (texto escrito) para o trabalho de pesquisa na pós[1]graduação stricto sensu. Emprega os conceitos de situação-limite, atos-limite e inédito-viável, de Freire (1992), e experiência e saberes da experiência, de Larrosa Bondía (2002), para discutir as informações reveladas nos textos lidos. As conclusões apontaram o seguinte: a inteligência artificial não supera a criatividade e a inteligência humana, pois o conteúdo originado por essas soluções tecnológicas não apresenta inovações, traz apenas conhecimentos já propagados na internet; não se pode desqualificar sua utilidade, mas não serve para substituir a experiência do pesquisador em formação na construção do seu texto dissertativo ou tese de doutorado, implicando na maneira como a escrita é concebida; e, ao considerar a decisão pelo uso ou não da IA para a escrita acadêmica, cabe às universidades instituírem um ambiente adequado de reflexão em torno dessa tecnologia, garantindo que pesquisadores em formação e docentes as utilizem de modo confiável, coerente, benéfico, zelando pela autoria, originalidade e ética na produção do conhecimento.
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