QUEBRANDO AMARRAS
DISCURSOS DE RUPTURA E CONTINUIDADE NO PROCESSO CONSTITUTIVO IDENTITÁRIO DA MULHER NEGRA
DOI:
https://doi.org/10.36517/eemd.v46i93.94480Palabras clave:
Diversidade étnico-racial, Identidade, Mulher negraResumen
A produção partiu de inquietações postuladas a partir da leitura da obra “Cartas para Minha Avó” (Ribeiro, 2021). Nesta, a autora Djamila Ribeiro, considerada uma das vozes de destaque no ativismo negro no Brasil, fez um revisitar a sua infância e adolescência, por meio de textos dedicados a Vó materna Antônia. Investigamos discursos de ruptura e continuidade que se reverberaram em seu processo constitutivo identitário enquanto mulher negra. A base teórica advém da área de Estudos da Linguagem com foco na Análise do discurso de linha francesa (Pêcheux, 1995 e Orlandi, 1999, 2007, 2012), fazendo um entrelace com discussões sobre Diversidade étnico-racial (Almeida, 2018; Guimarães, 2005, 2008; Munanga, 2003, 2004, 2006, 2009) e Identidades (Bauman, 2005 e Hall, 2003, 2005). A metodologia foi de base qualitativa-interpretativista (Moita-Lopes, 1994). Os resultados se desmembraram em um compilado de discursos que reafirmaram a luta feminina negra em uma sociedade marcada pelo mito da democracia racial, o qual procura escamotear o tratamento negativo e excludente do povo branco em relação ao povo negro. Os discursos são representativos de ruptura com identidades unilaterais, a exemplo de práticas preconceituosas e discriminatórias que tentam invisibilizar a figura da mulher negra, como também de continuidades com ensinamentos e aprendizados advindos de seus ancestrais.
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