EDUCAÇÃO, EXCLUSÃO E PRÁTICAS DISCURSIVAS DE DESINFORMAÇÃO
NUANCES DA NATUREZA SISTÊMICA DA EDUCAÇÃO OCIDENTALIZADA, EXIGÊNCIA PARA UMA LUTA POLÍTICA EDUCACIONAL DECOLONIAL NO SUL GLOBAL
DOI:
https://doi.org/10.36517/eemd.v46i93.94493Palabras clave:
práticas discursivas, decolonialidade, educação estruturalResumen
O presente ensaio pretende problematizar, em diálogo com os estudos de Michel Foucault, Enrique Dussel, Edgardo Lander, Anibal Quijano, Santiago Castro-Gomes e outros, que as práticas discursivas de desinformação, do ódio e da exclusão não são um problema recente para a educação, mas expressão conatural da ciência moderna, que as fundamenta e sustenta em práticas educativas institucionalizadas, e do sistema capitalista que as reproduz em suas instituições, particularmente as vinculadas às práticas educacionais, com o respaldo do discurso legitimador do pensamento eurocêntrico. Em decorrência, interpela-se a necessidade de refletir sobre a insustentabilidade do atual sistema educacional, dependente dos conhecimentos eurocêntricos e ocidentalizados, e da sua epistemologia racista, patriarcal, colonizadora, pelo seu impacto depredatório na formação de cidadãos(ãs) críticos(as) e participativos(as). Por fim, abre-se o debate sobre a demanda histórica, face à crise hegemônica da modernidade e do sistema capitalista neoliberal, de empoderamento de práticas discursivas emergentes desde a perspectiva dos(as) protagonistas do sul global para fortalecimento da luta política em defesa de um novo projeto educacional decididamente decolonial, em ruptura com o paradigma de modernidade.
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