CITTÀ DI ROMA, "LIVRO DE MEMÓRIAS"?
Resumo
A escritora Zélia Gattai escolheu escrever e compartilhar com os leitores suas lembranças. Em virtude disso, suas obras são formadas, em sua maioria, por narrações de suas lembranças e das recordações de sua família. Partindo disso, este artigo tem o objetivo de analisar e discutir a classificação da obra Città di Roma (2000), da referida autora, uma vez que este livro apresenta características de narrativas biográficas, autobiográficas, memorialísticas e autoficcionais. Ao analisar as fichas catalográficas de diferentes edições e de editoras distintas foi possível observar a divergência na classificação da obra. Além disso, o presente trabalho visa ponderar o papel – autora, personagem, narradora – que a escritora assume ao narrar suas memórias e as características que são utilizadas para conferir veracidade aos fatos narrados. Dessa forma, foi possível concluir, a partir da obra em questão, que não há uma fórmula a ser seguida para se narrar a própria vida, nem uma pureza de elementos que permitam apontar esta narrativa como sendo apenas um livro de memórias, uma autobiografia, uma biografia, uma autoficção, entre outras possibilidades alcançadas pela combinação entre esses gêneros.
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