OS "EUS" NAS MEMÓRIAS NARRADAS DE GRACILIANO RAMOS
Resumo
O objetivo do presente trabalho é analisar os múltiplos eus que podem ser observados em duas autobiografias de Graciliano Ramos, Infância (1945) e Memórias do Cárcere (1980). Em Infância, as memórias narradas correspondem a infância do autor até os 14 anos. Já em Memórias do Cárcere, obra póstuma, são contadas as lembranças do autor enquanto o mesmo estava preso na época da ditadura. Acreditamos que no processo de escritura de uma autobiografia, as memórias relembradas e contadas podem servir para um processo de afirmação do “eu” do autor. Nesse caso, a afirmação do “eu” de Graciliano Ramos será observada por intermédio dos posicionamentos do autor. Para isso, em um primeiro momento iremos conceber a noção de memória sob a ótica de HALBWACHS (2006), para investigar como o “eu” do passado, em Memórias do Cárcere, será narrado a partir dos conceitos de memória individual e memória coletiva do sociólogo. Em um segundo momento, sob a luz de MACHADO (2014), iremos analisar como se revelam diversos “eus” do autor a partir das memórias narradas em Infância.
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