Cartas não enviadas: os limites de intimidade e publicidade da cultura punk nas cartas de Kurt Cobain
Resumo
Uma carta não enviada é de fato uma carta? O que há de se dizer quando não há receptor algum, pois as cartas nunca foram enviadas, nunca encontraram seus destinatários, quem sabe, indo parar no Dead Letter Offices, onde certo escriturário ficcional, certa vez, trabalhou? Elas, as cartas, ainda assim existem, seus corpos persistem. Seriam, contudo, cartas? E o que dizer de uma carta suicida endereçada a um amigo imaginário de infância? Esse artigo se dedicará a explorar algumas missivas escritas e nunca enviadas pelo compositor norte-americano Kurt Cobain para vislumbrar em sua análise o debate entre a intimidade e publicidade notórias no gesto da grafia desses materiais. Utilizando a analogia ao personagem de Herman Melville em Bartleby, o escrevente e conceitos retirados das obras de Carrie Jaurés Noland, Liliana Coutinho e Arthur Rimbaud, farei um esforço para colocar em termos literários um debate corporal que se estabelece entre indivíduo e sociedade, na gana comunicativa da performance artística, e cujo argumento pendular mediador da fala será exatamente a imagem das cartas não enviadasReferências
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