Ruínas tropicais
Pervivência da Tropicália no filme Durval Discos
Resumo
O artigo pretende investigar as repercussões do movimento Tropicália (1967-69) no Brasil dos anos 1990 em diálogo com a atualidade, através da aproximação de textos teóricos e obras de arte tropicalistas com o filme Durval Discos (2002) de Anna Muylaert, com destaque para a trilha sonora. O filme se passa numa loja de discos em São Paulo, em que o advento do CD torna a venda de LPs um ato obsoleto e restrito a uma esfera limitada de colecionadores nostálgicos. A trilha sonora, povoada pelas faixas intensas que remetem à Tropicália, contrasta, a princípio, com o espaço privado acanhado da loja de Durval e com a vida pacata dos personagens, à parte da metrópole turbulenta. A partir disso, o trabalho procura examinar diferenças dos contextos culturais da década de 60 para os anos 1990 que, no primeiro momento, foram palco para a criação de determinadas manifestações artísticas e, décadas depois, põem em jogo, através da arte cinematográfica, a permanência de ruínas tropicais: estilhaços de experiências que conservam a potência negativa de questionamento e transformação do presente.