A figuração fantástica em A Rainha do Ignoto (1899) de Emília Freitas
Resumo
O presente trabalho pretende empreender uma leitura que contemple os aspectos insólitos e sobrenaturais do romance A Rainha do Ignoto (1899), da escritora Emília Freitas. Embora seja ambientado no interior do Ceará, e eventualmente aborde questões sociais, o predomínio de situações sobrenaturais e insólitas é a tônica dessa narrativa. Por esse motivo, o romance pode ser considerado uma das obras seminais da literatura fantástica de autoria feminina no Brasil, e, também, uma das primeiras a flertar com a ficção científica e as utopias em nosso país. Acreditamos que uma análise minuciosa do livro de Freitas deve obrigatoriamente se valer das teorias do fantástico. Assim, buscaremos unir a nossa leitura do romance aos mais recentes esforços que procuram empreender uma identificação dos aspectos insólitos e sobrenaturais do romance de Freitas. Pretendemos nos focar sobretudo na construção da protagonista, Diana, como uma personagem arquetípica da literatura fantástica, de modo que seja perceptível como seu comportamento misterioso, quase sobrenatural, contribui na caracterização de A Rainha do Ignoto como uma obra pertencente a essa tradição.