O maravilhoso na literatura tolkieniana: um olhar sobre a modernidade
Resumo
Para além da autoria de O senhor dos anéis, John Ronald Reuel Tolkien, foi também um filólogo e professor da Universidade de Oxford que dedicou sua vida ao estudo e criação de línguas, paralelamente ao seu projeto literário. Embora sua obra mais célebre ainda repouse em O senhor dos anéis (1954), a trilogia integra um projeto literário mítico maior, em que Tolkien intentava suprir a carência de uma mitologia propriamente britânica. Sendo assim, o escritor concebeu um universo absoluto completo, palco para suas personagens insólitas. Por conseguinte, Tolkien ainda foi um homem crítico ao seu próprio tempo: contrário às duas grandes guerras que, não somente vivenciou, mas combateu ativamente, um dos principais temas de sua literatura, que é a guerra. Nesse sentido, O senhor dos anéis é, sobretudo, uma narrativa sobre uma guerra contra um poder totalitário. Desse modo, o maravilhoso, enquanto gênero próprio dos contos de fadas, serve como uma ferramenta literária em que a modernidade é refletida, ainda que, de maneira involuntária, por parte do autor, que, por sua vez, negava a alegoria intencional. Sob essa perspectiva, esse trabalho analisa o olhar de Tolkien sobre a modernidade, por meio do universo maravilhoso de Eä.