A A revolução dos bichos: alegoria em metaficção historiográfica
Resumo
A Revolução Russa, de 1917, propunha reformar a sociedade soviética tornando-a igualitária, seguindo as concepções de Karl Marx. São os sucessos dessa utopia, cujo desfecho termina em malogro, que George Orwell plasma no romance A revolução dos bichos, uma alegoria desse fato histórico. A par dessa figura retórica que veste o discurso romanesco, o autor trabalha também com a metaficção historiográfica, isto é, na vertente da bivocalidade da alegoria produz uma ficção que polemiza a história. Para compreender como o escritor se vale desses tratamentos estéticos na narrativa, este artigo ampara-se: nos fundamentos de Heinrich Lausberg, João Adolfo Hansen e Flávio Kothe, para o estudo dos discursos constituídos no microcosmo da alegoria; nas elaborações teóricas de Linda Hutcheon, para dar embasamento às reflexões sobre a metaficção historiográfica; em concepções de Dominique Maingueneau e de José Luiz Fiorin, para examinar como se estabelecem as relações de poder nesse universo discursivo. Por esse olhar que pretende ser investigativo e analítico, este trabalho analisará como a alegoria se constrói na narrativa, reconfigurando as personalidades históricas na condição ficcional, modelando-as segundo essa dimensão caracterológica.