A flanêrie noturna
de Baudelaire e Rimbaud a Roberto Piva
Resumo
Em Paranoia, de Roberto Piva, é apresentada ao leitor uma cidade de São Paulo noturna, observada pelos olhos de um eu lírico em estado delirante. O poeta oferece um itinerário onírico pela capital paulista, cuja ambientação mórbida transfigura os habitantes da vida noturna em imagens que transitam entre figurações do sagrado e do profano. O êxtase místico-erótico acompanha a flânerie do eu poético pelo ambiente urbano deformado pela noite. A partir da noção de “textos da noite” definida por Américo (2017), do conceito benjaminiano de “iluminação profana” (1994), e de um breve preâmbulo sobre o desenvolvimento do tema urbano e noturno nas poéticas de Baudelaire e Rimbaud, objetivamos analisar dois dos poemas que integram o volume Paranoia, intitulados “Praça da República dos meus Sonhos” e “Visão de São Paulo à noite (Poema Antropófago sob Narcótico)”, sob a ótica da noite e do sonho, e verificar de que modo esses elementos incidem sobre a ambientação urbana e as imagens que são produzidas pelo eu lírico a partir da visão dessa São Paulo noturna.