1968 – 2018: O que se perdeu? No ar rarefeito das sociedades de controle / 1968 - 2018: What has been Lost in The Thin Air of Societies of Control?

Autores/as

  • Sylvio Sousa Gadelha Universidade Federal do Ceará

Resumen

Tendo em vista os 50 anos que separam 1968 de 2018, o intuito, desse ensaio é triplo: primeiro, fazer uma breve recuperação e caracterização do que se passou no final da década de1960; segundo, identificar, compreender e estimar o que se perdeu de lá para cá, e como e porque isso se deu; terceiro, aproveitar esse mapeamento para problematizar a relação entre a psicologia e a política. Por um lado, de abordar-se-á certa vertente da psicologia, a institucionalista, associada e afetada pelo espírito iconoclasta e contestatório daqueles anos rebeldes Por outro, abordar-se-á outra tradição presente na história da psicologia, que se ocupou não em servir de intercessora ou potencializadora de transformações sociais, mas sim em garantir ou reforçar uma adaptação e/ou o ajustamento dos indivíduos à ordem social instituída, reproduzindo o establishment. De uma ponta a outra do ensaio, defende-se que, de 1968 a 2018, metaforicamente falando, passou-se de uma ambiência em que o ar disponível aos jovens era abundante e da melhor qualidade, para uma ambiência em que o ar foi se tornando cada vez mais rarefeito, comprometendo e inviabilizando seus movimentos insurgentes em nossa contemporaneidade.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Sylvio Sousa Gadelha, Universidade Federal do Ceará

Formado em Psicologia (UFC - 1987), especialista em Psicopedagogia (Instituto Sedes Sapientiae / SP - 1989), mestre em Sociologia (UFC - 1996), doutor em Educação Brasileira (UFC (2003) / com estudos complementares - 2001 - no Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUC-SP), Pós-Doutor em Educação (PROPED-UERJ/2011), Professor do Depto. de Fundamentos da Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (FACED/UFC), ex-Professor do Mestrado em Artes do Instituto de Cultura e Artes da Universidade Federal do Ceará (ICA-UFC), Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da FACED-UFC [Coordenador do Eixo Temático “Filosofias da Diferença, Tecnocultura e Educação” (FILODITEC-EDUC) da Linha de Pesquisa “Filosofia e Sociologia da Educação” – (FILOS)]. É também professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (ICA-UFC). Em proximidade com a filosofia de Nietzsche, com a arqueogenealogia de Michel Foucault, com a micropolítica de Gilles Deleuze e Félix Guattari, assim como em afinidade com as contribuições filosóficas de autores como Antonio Negri, Michael Hardt e Giorgio Agamben, dentre outros pensadores contemporâneos, desenvolve estudos no intuito de avaliar, dimensionar e caracterizar as condições de possibilidade da Educação nas emergentes “sociedades de controle”. Nesse sentido, temas tais como as relações entre Biopolítica, Governamentalidade Neoliberal e Educação (processos de inclusão e exclusão); políticas e processos de subjetivação nas sociedades contemporâneas; identidade, diferença e multiplicidade; globalização; biotecnologias; revolução tecno-informacional; cultura digital; comunicação, branding e corporações nas sociedades de consumo, sempre apreciados em relação à Educação, constituem temas correlatos de interesse. Nos últimos anos vem desenvolvendo pesquisas teóricas sobre as virtuais relações entre Biopolítica e Educação, mais especificamente, sobre governamentalidade neoliberal e educação.

 

Citas

BARROS, Regina D. B. de; JOSEPHSON, Silvia C. A invenção das massas: a psicologia entre o controle e a resistência. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur A. L.; PORTUGAL, Francisco Teixeira. (Orgs.). História da Psicologia: rumos e percursos. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013, p. 501-523.

BOCK, Ana Mercês B.; FURTADO, Odair. A psicologia no Brasil e suas relações com o marxismo. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur A. L.; PORTUGAL, Francisco Teixeira. (Orgs.). História da Psicologia: rumos e percursos. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013, p. 595- 606.

BOUCHERON, Patrick. Como se revoltar? (conferência pronunciada em 13 de fevereiro de 2016 no Teatro de Montreuil, nos arredores de Paris e seguida de uma sessão de perguntas e respostas). 1a. Ed. São Paulo: Ed. 34, Col. Fábula, 2018.

CARDOSO, Fátima. Alpinismo: um corpo nas alturas. In: Revista Superinteressante. 31/10/2016 s/p., disponível em: https://super.abril.com.br/saude/alpinismo-um-corpo-nas-alturas/. Acesso em 03/08/2018.

COHN, Sergio; PIMENTA, Heik. (Orgs.). Maio de 68. (com participação especial de Renato Rezende). Rio de Janeiro: Ed. Beco do Azougue, Col. Encontros, 2008.

COIMBRA, Cecília Maria B. Guardiães da Ordem: uma viagem pelas práticas psi no Brasil do “Milagre”. Rio de Janeiro: Ed. Oficina do Autor, 1995.

CORRÊA, Erick. Apresentação. In: CORRÊA, Erick; MHEREB, Maria Tereza. (Orgs.). 68: como incendiar um país. São Paulo: Ed. Veneta, Col. Baderna, 2018.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A Nova Razão do Mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, Col. Estado de Sítio, 2016.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI. São Paulo: Ed. Boitempo, Col. Estado de Sítio, 2017.

DELEUZE, Gilles. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. In: Idem. Conversações. Rio de Janeiro: Ed. 34, Col. Trans, 1992, p. 219-226.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Maio de 68 não ocorreu. In: DELEUZE, Gilles. Dois Regimes de Loucos. Textos e entrevistas (1975 – 1995). São Paulo: Ed. 34, Col. Trans, 2016, p. 245-248.

FERRER, Eliete. (Org.). 68: a geração que queria mudar o mundo – relatos. Brasília: Ministério da Justiça; Comissão de Anistia, 2011.

FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade. Curso no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1999.

FOUCAULT, Michel. A Vontade de saber (História da sexualidade). 7a. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Graal, vol. 1,1988.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da Biopolítica. Curso no Collège de France (1979-1980). São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2008.

GUATTARI, Félix. Revoluções moleculares: pulsações políticas do desejo. 2a. Ed. (Seleção, prefácio e tradução de Suely B. Rolnik). São Paulo: Ed. Brasiliense, 1981.

LAZZARATO, Maurizio. La Fabrica del Hombre endeudado: ensayo sobre la condición neoliberal. Buenos Aires: Amorrortu, 2013.

LAZZARATO, Governo das Desigualdades: crítica da insegurança neoliberal. São Carlos (SP): Ed. Da UFSCar, 2011;

LÓPEZ-RUIZ, Osvaldo. Os Executivos das Transnacionais e o Espírito do Capitalismo: capital humano e empreendedorismo como valores sociais. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2007.

MARTON, Scarlett. (Ed. Responsável). Dicionário Nietzsche. São Paulo: Edições Loyola; Grupo de Estudos Nietzsche (GEN), Col. Sendas e Veredas, 2016.

MATOS, Olgária C. F. Paris 1968: as barricadas do desejo. 3a. Edição. São Paulo: Ed. Brasiliense, Col. Tudo é História, vol. 9, 1989.

NAIRN, Tom; QUATTROCCHI, Angelo. O Começo do Fim: França, maio de 68. (Prefácio de Tariq Ali). Rio de Janeiro: Ed. Record, 1998.

NEGRI, Antonio; HARDT, Michael. Bem-Estar Comum. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2016.

NETO, Torquato. Os últimos Dias de Paupéria. Rio de Janeiro: Ed. Eldorado, 1973.

PORTUGAL, Francisco T. A Psicologia Social em Herbert Mead, na Escola de Chicago e em Erving Goffman. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur A. L.; PORTUGAL, Francisco Teixeira. (Orgs.). História da Psicologia: rumos e percursos. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013, p. 525-534.

RODRIGUES, Heliana de B. C. “Sejamos realistas, tentemos o impossível.” Desencaminhando a psicologia através da análise institucional. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur A. L.; PORTUGAL, Francisco Teixeira. (Orgs.). História da Psicologia: rumos e percursos. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013, p. 609-657.

SÁ, Celso P. de. As representações sociais na história recente e na atualidade da psicologia social. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur A. L.; PORTUGAL, Francisco Teixeira. (Orgs.). História da Psicologia: rumos e percursos. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013, p. 661-676.

SOARES, Jorge C. Escola de Frankfurt: unindo materialismo e psicanálise na construção de uma psicologia social marginal. In: JACÓ-VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur A. L.; PORTUGAL, Francisco Teixeira. (Orgs.). História da Psicologia: rumos e percursos. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013, p. 563-591.

SPINK; Mary Jane; SPINK, Peter K. A psicologia social na atualidade. In: JACÓ-

STANDING, Guy. O Precariado: a nova classe perigosa. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2013.

VILELA, Ana Maria; FERREIRA, Arthur A. L.; PORTUGAL, Francisco Teixeira. (Orgs.). História da Psicologia: rumos e percursos. 3a. Ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2013, p. 679-700.

Publicado

2019-01-01

Cómo citar

Gadelha, S. S. (2019). 1968 – 2018: O que se perdeu? No ar rarefeito das sociedades de controle / 1968 - 2018: What has been Lost in The Thin Air of Societies of Control?. Revista De Psicologia, 10(1), 100–115. Recuperado a partir de http://periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/33618