“O homem é o lobo do homem”: o lugar do bandido na sociedade de risco / “The man is the man’s wolf”: the bandit as figure of naked life on the society of risk
Resumen
Freud no texto “o mal estar na civilização” discute a afirmativa de Hobbes “O homem é o lobo do homem”. Para o autor essa afirmativa põe em cena põe em cena a agressividade com a qual lidamos com o outro. Beck em “sociedade de risco” propõe que viveriamos hoje numa sociedade onde a produção de riscos supera o acúmulo de poder tecnológico-econômico. Interrogamos, neste cenário, o surgimento de uma figura perigosa, considerada o lobo da sociedade, um risco vivente: o bandido. Para tanto, nos valemos da noção de vida nua com Agamben, para pensar no estatuto próprio dessa figura, o de uma vida matável, sem valor. Se cada sociedade elege seus homo sacer, o bandido se apresenta como homo sacer para a sociedade de risco. Num esforço de calcular e medir o impossível, a sociedade de risco termina por produzir um efeito indesejado: põe em evidência o caráter de vida nua inerente a cada um dos viventes. O bandido é eleito como figura perigosa, portadora da agressividade do lobo, e seu lugar seria aquele de um vivente já habitado pela morte.
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Citas
Agamben, G. (2010). Homo sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: Editor UFMG.
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