Maquinarias de guerra e mortes juvenis nas periferias do Ceará / War machines and juvenile deaths in the peripheries of Ceará
DOI:
https://doi.org/10.36517/revpsiufc.12.1.2021.2Resumen
O objetivo deste artigo é problematizar como maquinarias de guerra em territorialidades periferizadas operam na produção de juventudes matáveis no bojo da intensificação da violência letal no Brasil, tomando a cidade de Fortaleza como exemplo empírico e a noções de necropolítica e políticas de inimizade, de Achille Mbembe, como operadores conceituais. Num primeiro momento, traz reflexões teóricas sobre essa própria tecnologia de gestão e produção da morte. Num segundo momento, analisa-se como “maquinarias de guerra” engendram “zonas de morte”, sendo a articulação entre disciplinamento, regulação biopolítica e produção/gestão de um “fazer morrer” característica da ocupação colonial na atualidade. Com isso, apontamos como o recrudescimento da violência letal nas margens urbanas expressa sua condição de colônias contemporâneas, em que processos de racialização maximizam a precarização de corpos juvenis negros, sob o fundamento da perpetuação de relações de inimizade.
Descargas
Citas
Agamben, G. (2004). Estado de exceção. São Paulo, SP: Boitempo.
Barros, J. P. P. & Benicio, L. F. S. (2017) “Eles nascem para morrer?” uma análise psicossocial da problemática dos homicídios de jovens na cidade de fortaleza. Revista de Psicologia, 8(2), 34-43. Recuperado de http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/19313
Barros, J. P. P., Acioly, L. F., & Ribeiro, J. A. D. (2016). Re-tratos da juventude na cidade de Fortaleza: direitos humanos e intervenções micropolíticas. Revista de psicologia, 7(1), 84-93.
Barros, J. P. P., Paiva, L. F. S., Rodrigues, J. S., Silva, D. B. & Leonardo, C. S. (2018). “Pacificação” nas periferias: discursos sobre as violências e o cotidiano de juventudes em Fortaleza. Revista de Psicologia, 9(1), 117-128. Recuperado de http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/30781
Batista, V. M. (2012). Adesão subjetiva à barbárie. In: Loic Wacquant e a questão penal no capitalismo neoliberal. Rio de Janeiro: Revan.
Borges, J. (2018) O que é encarceramento em massa? Belo Horizonte, MG: Letramento.
Butler, J. (2016) Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto? (2 ed.). Rio de Janeiro, RJ: Civilização Brasileira.
Cavalcante, R. M. B. (2011). Vidas breves: investigação acerca do assassinato de jovens em Fortaleza. Dissertação de mestrado. Universidade Estadual do Ceará, Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Sociedade, Fortaleza, CE.
Coimbra, C. (2001). Operação Rio: o mito das classes perigosas. Rio de Janeiro, RJ: Intertexto.
Coimbra, C.; Scheinvar, E. (2012). Subjetividades punitivo-penais. In: V. M. Batista (Org.), Loic Wacquant e a questão penal no capitalismo neoliberal (pp. 59-68). Rio de Janeiro, RJ: Revan.
Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência. (2017). Cada vida importa: relatório do primeiro semestre de 2017 do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência. Assembléia Legislativa. Fortaleza, CE: Autor. Recuperado de https://www.al.ce.gov.br/phocadownload/relatorio_primeiro_semestre.pdf
Foucault, M. (1995). O sujeito e o poder. Em: Rabinow, P.; Dreyfus, H. Michel Foucault, uma trajetória filosófica: Para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária. 231-249.
Foucault, M. (1999). História da sexualidade I: A vontade de saber (13ª ed.). Rio de Janeiro, RJ: Graal.
Foucault, M. (2005). Em defesa da sociedade. São Paulo, SP: Martins Fontes.
Foucault, M. (2014) Vigiar e punir: Nascimento da prisão. 42. ed. Petrópolis, RJ: Vozes.
Hilário, L. C. (2016). Da necropolítica à biopolítica: variações foucaultiana na periferia do capitalismo. Sapere aude. v. 7, p. 194-210. Recuperado de http://periodicos.pucminas.br/index.php/SapereAude/article/view/P.2177-6342.2016v7n13p194/9735
Mac Gregor, H. C. (2013) Necropolítica: La política como trabajo de muerte. Revista Ábaco, 4(78) 23-30.
Mbembe, A. (2012) Necropolítica: Una revisión crítica. Em: Mac Gregor, H. C. (Org.). Estética y violencia: Necropolítica, militarización y vidas lloradas. México: Muac, 130-139.
Mbembe, A. (2017). Políticas da inimizade. Lisboa: Antigona.
Mbembe, A. Necropolítica seguido de Sobre el gobierno privado indirecto. [S. l.]: Melusina, 2011.
Melo, D. L. B. & Cano, I. (2017) . Índice de homicídios na adolescência: IHA 2014. Rio de Janeiro: Observatório de Favelas.
Nascimento, A. (2017) O genocídio do negro brasileiro: Processo de um racismo mascarado. 2. ed. São Paulo, SP: Perspectiva.
Paiva, L. F. S. (2018). Dinâmicas das violências em tempos de facções criminosas no Ceará. (Cada vida importa: relatório do segundo semestre de 2017 do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência). Fortaleza, CE: Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, (2017.2) 23-26. Recuperado de http://cadavidaimporta.com.br/wp-content/uploads/2018/05/Relato%CC%81rio-2017.2-CORRIGIDO.pdf
Paiva, L. F. S.(2015). Mortes na periferia: Considerações sobre a chacina de 12 de novembro em Fortaleza. O Público e O Privado, Fortaleza, CE, n. 26, 269-281.
Serra, C. H. A.; Zaccone, O. (2012). Guerra é paz: os paradoxos da política de segurança de confronto humanitário. Em: Ramos, B. V. et al. Paz armada - Criminologia de cordel. Rio de Janeiro, RJ: Revan.
Torres, F. T. P. (2017). “O sentimento é um só”: criminalização da juventude e produção do medo na cobertura televisiva da “Chacina da Messejana”. Monografia (Especialização) - Curso de Psicologia, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE.
Triana, S. V. (2012) Capitalismo gore y necropolítica en México contemporáneo. Relaciones Internacionales. Madrid, n. 19, 83-102. Recuperado de: http://www.relacionesinternacionales.info/ojs/article/view/331.html
Valois, L. C. (2017). O direito penal da guerra às drogas (2ª ed.). Belo Horizonte, MG: D'plácido.