Sentido e ideologia: a resistência dos motoristas de ônibus contra a precarização do trabalho // Sense and ideology: bus drivers' resistance to the precariousness of work
DOI:
https://doi.org/10.36517/revpsiufc.15.2024.e024007Palavras-chave:
Luta de classes, Ideologia, Marxismo, Psicologia Histórico-Cultural, SentidoResumo
Este artigo investiga o papel das ideologias nos processos de resistência contra a precarização do trabalho realizado por motoristas de ônibus. A partir do referencial marxista e da Psicologia Histórico-Cultural, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 11 trabalhadores dessa categoria na cidade de XXXX. Esses trabalhadores significam seus trabalhos como subsistência, realização pessoal, educação moral e liberdade patrimonial; compreendem o trabalho como precarizado, o Estado omisso no combate a precarização, se sentem empoderados e valorizados no exercício da sua atividade; e validam a instância sindical, a greve e os direitos trabalhistas, mas apostam em outras pessoas para a mudança da situação de precarização. Esses sentidos que permitiram a identificação de três ideologias, entendidas como mediação da ação individual e coletiva: ideologia do trabalho assalariado clássico; ideologia da luta coletiva; e ideologia salvacionista. Essas ideologias, que se interrelacionam, orientam os interlocutores de maneira contraditória. De um lado, justificam uma desresponsabilização dos trabalhadores pela ação direta de combate à precarização do trabalho. De outro lado, não impedem de todo a ação de resistência, como greves e paralisações, mas com um engajamento frágil por parte dos trabalhadores.
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