REFLEXOS DA AÇÃO HUMANA SOBRE O AMBIENTE FÍSICO EM MITOS DE ORIGEM DE POVOS AMERÍNDIOS

Autores

  • Beatriz Furlan Toledo

Resumo

O mito narra como uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição
(ELIADE, 1963, p. 9). Os mitos indígenas são tomados por Lévi-Strauss (1973, 1978) como fontes de conhecimento em sociedades sem escrita e a originalidade do pensamento mitológico, para o autor, é desempenhar o papel do pensamento conceitual. Hoje, os mitos são usados pelos próprios povos indígenas com diferentes objetivos como, por exemplo, para que a língua e a sua mitologia sejam ensinadas às crianças ou também para fundamentar reivindicações territoriais e políticas. O mito é parte integrante da língua, é pela palavra que ele se apresenta (LÉVI-STRAUSS, 1978). A proposta desse trabalho é discutir a relação entre espaço geográfico e mitologia indígena em uma perspectiva que dialoga com a Ecolinguística, uma vez que para a análise realizada, é considerado fundamental o elo entre as pessoas (P) e o espaço (T) e como ocorre a apropriação simbólica desse espaço físico por seus habitantes. O objetivo é explorar como a percepção do espaço físico é representada subjetivamente por meio da língua em mitos de origem dos povos Xokleng e Kaingang (povos indígenas brasileiros) e dos povos Navajo e Mandan (povos indígenas norte-americanos). A análise aponta para a existência de relações entre a representação do subterrâneo presente nos mitos de origem desses quatro povos e registros arqueológicos que atestam a existência de habitações subterrâneas em lugares designados aos ancestrais desses povos. São feitas também algumas considerações sobre mitos Krahô, Kayapó e Xikrin - povos indígenas brasileiros da mesma família linguística que os Xokleng e Kaingang - que abordam o tema do subterrâneo, mas que relatam o não pertencimento à tradição de origem subterrânea e registram a distinção entre o que eles denominam “homens subterrâneos” e as pessoas pertencentes a seu povo.

Palavras-chave: Mito. Jê Meridionais. Família Jê. Espaço.

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Publicado

2018-12-03

Como Citar

TOLEDO, Beatriz Furlan. REFLEXOS DA AÇÃO HUMANA SOBRE O AMBIENTE FÍSICO EM MITOS DE ORIGEM DE POVOS AMERÍNDIOS. Revista de Letras, [S. l.], v. 2, n. 37, p. 109–123, 2018. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/revletras/article/view/50019. Acesso em: 22 dez. 2024.