"Onde está a mancha indelével?"
Considerações acerca do pensamento abolicionista em Sangue Limpo, de Paulo Eiró
Mots-clés :
Literatura Brasileira, Romantismo, Escravidão, Abolicionismo, RacismoRésumé
Há certo consenso de que a literatura romântica trabalhou pouco, ou em perspectiva limitada, com a representação do escravizado. Contudo, a avaliação historiográfica tradicional elide ou subestima a produção de menor vulto, intermitente ou secundária, que colocam sob suspeita e matizam tais asserções. Cabe pensar sobre tais figuras que restaram fora do cânone nacional que, sob perspectivas e procedimentos diversos, cumulativamente construíram contradiscursos que desaguariam na produção abolicionista pós-1870. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo resgatar a obra do poeta e dramaturgo Paulo Eiró, especialmente mediante a análise do drama Sangue Limpo (1863), e refletir acerca do pensamento abolicionista em sua produção, dando enfoque às questões relativas à violência racial em seus núcleos dramáticos. Para tanto, sob a perspectiva mútua entre literatura e sociedade, recorreu-se tanto à fortuna crítica do autor, quanto a textos base da historiografia literária brasileira, num empreendimento que visa reavaliar os discursos sobre a escravidão no país, em especial a produzida no período romântico, no qual pomos em destaque o pensamento de Eiró, cujo caráter precursor e original buscou responder a questões centrais da política nacional mediante uma perspicaz observação de sua materialidade – um empreendimento financiado pela bolsa PIBIC-UFC, a qual somos inteiramente gratos.