ENTRE MUROS E AMORES: JORNADAS DE VISITAS E AFETOS NAS PRISÕES CEARENSES
Mots-clés :
Conjugalidades, Encarceramento, FamiliaRésumé
A temática central deste estudo é compreender a experiência social de mulheres que estão envolvidas em relacionamentos afetivos e conjugais com homens privados de liberdade no Ceará. O objetivo é compreender de quais formas elas vivenciam a conjugalidade e como significam suas experiências de vida e sobrevivência no entre-muros das prisões cearenses. Busco as narrativas dessas mulheres, que muitas vezes são classificadas de forma pejorativa como “mulheres de bandido”, para entender suas representações sobre conjugalidade, família e encarceramento, traçando os caminhos que estabelecem a partir da experiência prisional com outras mulheres, chamando atenção para como essas relações reproduzem laços familiares, mobilizam ações, conflitos e situações diversas para suas vidas. Privilegio a perspectiva das prisões como espaços produtores de relações, no qual é possível identificar como as conjugalidade são significadas e reinventadas a partir dos acordos e estratégias arranjadas pelas mulheres. Para isso, acompanho suas “caminhadas”, principalmente as visitas sociais aos presídios em que seus companheiros estão encarcerados. A interseccionalidade, nesta pesquisa, lança luz sobre aspectos da experiência individual que podemos não perceber (COLLINS; BILGE, 2021), pois as tramas de poder em que as interlocutoras desta pesquisa estão inseridas também evidenciam as diferentes subordinações às quais são submetidas, bem como levantes de insubordinação.