Uma análise semiótica sobre efeitos de identidade em experiências gastronômicas
do food porn ao soft food
Palavras-chave:
Food porn, Estilo, Sinestesia, Semiótica discursivaResumo
Cores, formas, arranjos, movimento, preços, espaço... O que temos comido? A dinâmica das redes sociais redefiniu o modo como lidamos com os alimentos, propondo uma experiência gastronômica pautada na mistura de sensações, na qual a prática de comer é orientada pela percepção visual. Este trabalho pretende analisar as implicações discursivas da estética do food porn, e de sua contrapartida, que chamamos de soft food, na emergência de estilos distintos de enunciar e de construir efeitos de identidade, modos de ser a partir de modos de dizer recorrentes. Para isso, analisamos textos verbovisuais publicados em perfis voltados para dicas de gastronomia no Instagram. Os textos foram selecionados por meio de sorteio aleatório automatizado. À luz da semiótica do discurso, trabalha-se com os conceitos de Estilo (DISCINI, 2004) e de Sinestesia (BORDRON, 2018). Os resultados mostram dois estilos distintos, indicando enunciadores cujas identidades se contrapõem numa cifra tensiva entre o exagero e a sutileza, apontando para enunciatários ora mais hiperbolizados ora mais comedidos. Isso nos ajuda a entender não só como são construídos efeitos de identidades quando o assunto é nossa relação com a comida, mas também como as novas mídias moldam nossa percepção sobre a comida enquanto objeto de significação.