O avesso de Sócrates: Xantipa e o lugar da mulher na história da Filosofia

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/Argumentos.16.32.93224

Palavras-chave:

Xantipa. Sócrates. Platão. Questões de gênero.

Resumo

Na história da Filosofia, Sócrates é representado como um indivíduo de caráter firme e temperante, ainda que intelectualmente inquieto, cujas investigações inauguram reflexões de ordem propriamente ética no âmbito do pensamento antigo. Sua posição histórica é considerada tão central que ele é escolhido como termo para a periodização da própria Filosofia Antiga (com filósofos organizados a partir da curiosa noção de “pré-socráticos”). Sua esposa, Xantipa, por outro lado, é representada pela tradição biográfica antiga como mal-humorada, voluntariosa e intemperante. Em várias anedotas, ela encarna o avesso de tudo o que se espera de um filósofo. A fim de refletir sobre algumas construções pautadas por aspectos de gênero no âmbito da história da Filosofia, vamos analisar o valor metonímico que representações de Sócrates, Xantipa e outras figuras femininas do seu entorno adquirem em obras filosóficas, especialmente naquelas compostas por Platão.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rafael Guimarães Tavares da Silva, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Mestrado e Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários (FALE/UFMG). Professor de Literatura da Universidade Estadual do Ceará (UECE), Campus Aracati, e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Filosofia dessa mesma instituição.

Sara Camila Barbosa dos Anjos, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários (FALE/UFMG), com interesse de pesquisa nas áreas de literatura, mitologia, tradução, teatro, estudos e gênero e recepção clássica.

Referências

BAKHTINE, M. Problèmes de la poétique de Dostoïevski. Paris: L’Âge d’Homme, 1970.

BICKNELL, P. J. Sokrates’ mistress Xanthippe. Apeiron, v. 8, n. 1, 1974, p. 1-5.

CIORAN, E. Syllogismes de l’amertume. In: CIORAN, E. Œuvres. Paris: Gallimard, 1995. p. 743-813.

DAVID-JOUGNEAU, M. Socrate dissident: Aux sources d’une éthique pour l’individu citoyen. Paris: Solin, Actes Sud, 2010.

FITTON, J. W. “That was no lady, that was…”. Classical Quarterly, v. 20, n. 1, 1970, p. 56-66.

GABIONETA, R. A maiêutica socrática como ‘união’ de teorias no Teeteto. Revista Classica, v. 28, n. 2, 2015, p. 35-45.

GANDT, M. de. Xanthippe, l’anti-logos. Lettres de la société de psychanalyse freudienne, v. 38, n. 2, 2017, p. 45-56.

JOYCE, J. Ulysses. Notes by Don Gifford with Robert J Seidman. Revised and Expanded edition. Berkeley: University of California Press, 1988.

KOFMAN, S. Socrate(s). Paris: Éditions Galilée, 1989.

LABARBE, J. Les compagnes de Socrate. L’Antiquité classique, Tome 67, 1998, p. 5-43.

LAKS, A. Introdução à “filosofia pré-socrática”. Trad. Miriam Campolina Peixoto. São Paulo: Paulus, 2013.

LAKS, A.; MOST, G. W. (Eds.). Early Greek Philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 2016.

LÖNBORG, S. Socrates and Xanthippe. Theoria, v. 15, n. 1-3, 1949, p. 198-204.

MCHARDY, F.; MARSHALL, E. (Eds.). Women’s influence on classical civilization. London; New York: Routledge, 2004.

MCLAUGHLIN, G. The logistics of gender from classical philosophy. In: MCHARDY, F.; MARSHALL, E. (Eds.). Women’s influence on classical civilization. London; New York: Routledge, 2004. p. 7-25.

MOORE, C. Introduction: Socrates’ writing as writings about Socrates. In: MOORE, C. (Ed.). Brill’s Companion to the reception of Socrates. Leiden; Boston: Brill, 2019. p. 1-37.

NIETZSCHE, F. Humano, demasiado humano. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

PLATÃO. Diálogos. Vols. III-IV: Protágoras, Górgias, O Banquete, Fedão. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: Universidade Federal do Pará, 1980.

POMEROY, S. Goddesses, whores, wives and slaves: women in Classical Antiquity. With a New Preface by the Author. New York: Schocken Books, 1995.

ROUTHIER, F. Socrate peut-il être une femme? Chimères. Revue des schizoanalyses, n. 9, 1990, p. 62-94.

SAXONHOUSE, A. W. Xanthippe and philosophy: Who really wins. In: CLEARY, J. J.; GURTLER, G. M. (Eds.). Proceedings of the Boston Area Colloquium in Ancient Philosophy. Leiden: Brill, 1998.

SAXONHOUSE, A. W. Xanthippe: Shrew or Muse. Hypatia, v. 33, n. 4, 2018, p. 610-25.

SENECA. De matrimonio. In: COELHO, L. A. S. R. O matrimónio do Sapiens: estudo e tradução dos fragmentos do De matrimonio de Lúcio Aneu Séneca. Lisboa. 175 p. Dissertação (Mestrado em Estudos Clássicos), Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Lisboa, 2011. p. 107-142.

SÊNECA. Sobre a ira. Sobre a tranquilidade da alma. Tradução, introdução e notas de José Eduardo Lohner. São Paulo: Penguin Classics; Companhia das Letras, 2014.

SOUZA, J. R. Que mistério tem Diotima. In: CARVALHO, M.; FIGUEIREDO, V. (Orgs.). Filosofia antiga e medieval. São Paulo: ANPOF, 2013. p. 277-294.

SPINELLI, M. Duas mulheres de Atenas: Aspásia, a companheira de Péricles, e Xantipa, a de Sócrates. Hypnos, v. 39, 2017, p. 258-87.

XENOFONTE. Banquete. Apologia de Sócrates. Tradução do grego, introdução e notas de Ana Elias Pinheiro. Campus Viseu: Universidade Católica Portuguesa, 2008.

XENOFONTE. Memoráveis. Tradução do grego, introdução e notas de Ana Elias Pinheiro. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2009.

WOODBURY, L. Socrates and the daughter of Aristides. Phoenix, v. 27, n. 1, 1973, p. 7-25.

ZAPPEN, J. The Rebirth of Dialogue: Bakhtin, Socrates, and the Rhetorical Tradition. New York: State University of New York Press, 2004.

Downloads

Publicado

2024-07-08

Como Citar

Silva, R. G. T. da, & Anjos, S. C. B. dos. (2024). O avesso de Sócrates: Xantipa e o lugar da mulher na história da Filosofia. Argumentos - Revista De Filosofia, 16(32), 101–113. https://doi.org/10.36517/Argumentos.16.32.93224

Edição

Seção

Dossiê Transposições nos Estudos da Antiguidade(s)

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.