ANCESTRALIDADE, MEMÓRIA E AUTORREPRESENTAÇÃO DA MULHER NEGRA NA LITERATURA AFRO-BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA EM “OLHOS D´ÁGUA”, DE CONCEIÇÃO EVARISTO

Autores

  • Lucas Toledo de Andrade Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Resumo

Este artigo busca por meio da análise do conto “Olhos d´água” (2014), presente na coletânea homônima, da autoria de Conceição Evaristo, discutir a representação da mulher negra na literatura brasileira, para assim tratar da importância da autorrepresentação dessa figura nas narrativas afro-brasileiras contemporâneas, como meio de questionar a produção literária do presente, que ainda é bastante homogênea, segundo a pesquisa feita por Regina Dalcastagnè (2012) e, consequentemente, a formação do cânone literário nacional. Além disso, pretende-se mostrar o modo como a busca pela ancestralidade africana, por meio da memória e da criação literária feminina e negra, pode funcionar como um importante instrumento para a revisão historiográfica e literária brasileira, o que pode propiciar uma reflexão acerca do silenciamento e da estereotipização que formaram as identidades das mulheres negras em nosso território e do modo como a literatura tem a capacidade de desmanchar esses estigmas e (re)inventar positivamente essas tantas identidades.

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Biografia do Autor

Lucas Toledo de Andrade, Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Mestre em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Atualmente cursa o Doutorado em Estudos Literários, na área de concentração de Literatura Comparada, na mesma universidade.

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Publicado

2019-01-19