A PERDA DA TEMPORALIDADE ARCAICA NA MELANCOLIA
Resumo
O presente artigo parte de investigações no âmbito das nossas pesquisas acadêmicas que confluem na direção do interesse em investigar os processos primários de simbolização e suas repercussões para uma compreensão psicanalítica do originário e da ritmicidade nos primórdios da constituição psíquica. Pretende-se desenvolver o conceito de temporalidade arcaica, articulando-a, inicialmente, à questão da ritmicidade e da música para, em seguida, pensarmos possíveis efeitos das alterações rítmicas originárias nos modos de organização subjetiva, mais particularmente para o que está em jogo nas depressões e melancolia. Versa-se sobre precedência da temporalidade introduzida pelo materno sobre a criança na medida em que vem do outro o primeiro movimento legitimamente instaurador de uma dinâmica pulsional e rítmica; mas, também, sobre os impasses que decorrem da quebra da expectativa ou da impossibilidade de instaurá-la. Com base nas reflexões sobre o luto das esferas e a melancolia, o trabalho segue uma proposta de articular uma visão sloterdijkiana com a matriz do pensamento clínico de Ferenczi e Winnicott, para propor que o que está em questão é uma perda não do objeto, que inspiraria um lamento criativo, mas a perda do acesso a um tempo arcaico que se transformaria em aliado no desenrolar da própria competência comunicativa e erótico-musical do ser e de suas dores. A música, então, é ela mesmo uma metáfora de uma sintonia e uma convocação para que todos aloquem em si novamente o espaço de uma harmonia compartilhada com o outro originário, pois há algo decisivo que só pode ocorrer no instante compartilhado em que a música soa.Downloads
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Publicado
2021-01-01
Edição
Seção
XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
Licença
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