A PERDA DA TEMPORALIDADE ARCAICA NA MELANCOLIA

Autores

  • Paulo Alves Parente JÚnior
  • Karla Patricia Holanda Martins

Resumo

O presente artigo parte de investigações no âmbito das nossas pesquisas acadêmicas que confluem na direção do interesse em investigar os processos primários de simbolização e suas repercussões para uma compreensão psicanalítica do originário e da ritmicidade nos primórdios da constituição psíquica. Pretende-se desenvolver o conceito de temporalidade arcaica, articulando-a, inicialmente, à questão da ritmicidade e da música para, em seguida, pensarmos possíveis efeitos das alterações rítmicas originárias nos modos de organização subjetiva, mais particularmente para o que está em jogo nas depressões e melancolia. Versa-se sobre precedência da temporalidade introduzida pelo materno sobre a criança na medida em que vem do outro o primeiro movimento legitimamente instaurador de uma dinâmica pulsional e rítmica; mas, também, sobre os impasses que decorrem da quebra da expectativa ou da impossibilidade de instaurá-la. Com base nas reflexões sobre o luto das esferas e a melancolia, o trabalho segue uma proposta de articular uma visão sloterdijkiana com a matriz do pensamento clínico de Ferenczi e Winnicott, para propor que o que está em questão é uma perda não do objeto, que inspiraria um lamento criativo, mas a perda do acesso a um tempo arcaico que se transformaria em aliado no desenrolar da própria competência comunicativa e erótico-musical do ser e de suas dores. A música, então, é ela mesmo uma metáfora de uma sintonia e uma convocação para que todos aloquem em si novamente o espaço de uma harmonia compartilhada com o outro originário, pois há algo decisivo que só pode ocorrer no instante compartilhado em que a música soa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação