REFORMA PSIQUIÁTRICA E CONTRARREFORMA: MUDANÇAS NA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL BRASILEIRA NOS ÚLTIMOS VINTE ANOS.

Autores

  • Amanda Pinheiro
  • Lucía Belén Pérez
  • Carmem Emmanuely LeitÃo AraÚjo

Resumo

As mudanças em políticas públicas podem manter padrões de políticas do passado, ou criar caminhos distintos daqueles esperados por defensores de novas ideias, como é o caso da política de saúde mental brasileira. Objetiva-se, assim, descrever as mudanças da política de saúde mental brasileira a partir da aprovação da Lei 10.216/2001 – Lei da Reforma Psiquiátrica. O estudo é exploratório e qualitativo, com uma revisão narrativa da literatura, a partir de diversas fontes que incluíram tanto as bases de dados SciELO, LILACS e PubMed, como leis, decretos, portarias, boletins e comunicações oficiais do governo federal. Para a análise foram considerados três eixos: os atores envolvidos, as regras instituídas e os serviços criados. Os resultados demonstram que no contexto brasileiro de construção da política de saúde mental, após a aprovação da lei 10216/2001, foi possível a expansão de legislações antimanicomias e da Rede de Atenção Psicossocial. Entretanto, desde 2015, percebe-se um acirramento de tensões entre projetos de saúde mental distintos, como a redução de gastos públicos federais com a saúde, inclusão e aumento de financiamento federal em Comunidades Terapêuticas e hospitais psiquiátricos na Rede de Atenção Psicossocial. A ascensão de governos conservadores e neoliberais, a partir de 2016, fortaleceu a crítica e ações contra o modelo de substituição de hospitais psiquiátricos, pautada no cuidado comunitário. Isso vem sendo considerado um movimento de contrarreforma psiquiátrica. Conclui-se que apesar dos avanços na política de saúde mental, muitos desafios permanecem por conta de frequentes tensões entre projetos de governo/sociedade, atores heterogêneos e resquícios de práticas manicomiais, bem como interesses do mercado. A reforma psiquiátrica ainda não é uma vitória definitiva, pelo contrário, ainda há muitos obstáculos para a efetivação do modelo de atenção psicossocial no Brasil.

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Publicado

2021-01-01

Como Citar

Pinheiro, A., Belén Pérez, L., & Emmanuely LeitÃo AraÚjo, C. (2021). REFORMA PSIQUIÁTRICA E CONTRARREFORMA: MUDANÇAS NA POLÍTICA DE SAÚDE MENTAL BRASILEIRA NOS ÚLTIMOS VINTE ANOS. Encontros Universitários Da UFC, 6(3), 2338. Recuperado de https://periodicos.ufc.br/eu/article/view/75461

Edição

Seção

XIV Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação