Vol. 6 No. 1
O tempo pode ser uma marcha incessante. A sua significação, contudo é feita, também, pelo entendimento das pausas. Mas, a pausa não é a estagnação. Nós da Ameríndia, por exemplo, paramos, porém nunca estivemos estagnados. E agora retomamos a caminhada, depois de termos reencontrado o fôlego, depois de termos respirado um mundo em novidades.
Muitas dessas novidades poderão ser encontradas nas páginas do décimo volume que agora se apresenta. A primeira delas está no próprio nome da Revista que agora, oficialmente, chama-se “Revista Ameríndia: história, cultura e outros combates”. A ideia é que, em tempos de diálogos interdisciplinares, possamos nos abrir para as interfaces que outros saberes apresentam e, desse modo, consigamos refletir mais ampla e criticamente acerca das problemáticas que nos afligem. Estamos cientes de que à História, sozinha, não pode caber o fardo de dizer o que nós somos. A tarefa de nos entendermos e de nos inventarmos pertence, também, à literatura, à sociologia, à antropologia e a tantos outros saberes que podem deitar seus olhos sobre a nossa historicidade. “História, cultura e outros combates” é, assim, um convite para vestirmos as armaduras das palavras e enfrentarmos as batalhas que podem apontar os caminhos das nossas emancipações como sujeitos históricos.
A segunda novidade é o visual do site da Revista e a inserção da mesma nas redes sociais. Desse modo, pretendemos abrir canais para a fruição de debates, temas e ideias acerca dos artigos e volumes da Revista. Sendo a Ameríndia uma revista eletrônica, apropriar-se mais vivamente dessas tecnologias comunicacionais pode impulsionar as interfaces entre sujeitos individuais e coletivos que se interessam pela América Nossa.
A terceira novidade refere-se à reestruturação do corpo gestor da Revista. Novos pareceristas, novos coordenadores e uma nova proposta editorial que, ao abrir possibilidades de novos temas, aumentam o seu campo de conhecimento para além das problemáticas ligadas à América Latina. Assim, agora, o foco da Revista foi ampliado para todas as Américas.
Nesse décimo volume, tempos e espaços diversos formam um caleidoscópio de imagens da nossa América. Nos dois primeiros artigos, O papel da guerra nas sociedades mesoamericanas: os mexicas (Astecas)” e, “Deslocamentos e descolamentos: breve revisão bibliográfica para pensar os Ameríndios”, de autoria dos pesquisadores e Pablo Martins Bernardi Coelho, respectivamente, temos a possibilidade de dialogar com aspectos das nossas história e historiografia, referentes ao período colonial.
Em “O Vodu no bicentenário da Independência Haitiana”, da Jamily Fonseca, percebe-se uma equilibrada alquimia entre aspectos da mentalidade e da história política do Haiti, a partir de sua relação com a religião Vodu. Aparecem ali, também, dimensões da estigmatização que recaem sobre as religiões que se fundam em matizes africanas.
Os dois artigos finais, “Esquerda em movimento: Estudantes em luta na resistência à ditadura militar (1964-1968)” (da Rebeca Coelho), e “Qual democracia? O período de redemocratização na América Latina: Uma reflexão sobre o Brasil e a Argentina” (da Gleidiane de Sousa Ferreira) direcionam seus esforços para compreender, a partir de uma análise comparativa, como se deu a existir a Ditadura na Argentina e no Brasil.
Por fim, temos a resenha do livro “Elites, profissionais e lideranças políticas (RS e MA): Pesquisas recentes”, do pesquisador Igor Gastal Grill (org.). Na resenha, escrita por Jesus Pereira, discute-se como a obra do professor Grill apresenta novos conceitos para se pensar as maneiras de perpetuação no poder utilizadas pelas elites tradicionais.
Esperamos que essas novidades agradem a todos que se interessam pelas discussões e que, a partir do campo de batalha da História, se propõem a combater o bom combate.
Corpo Editorial