O que é uma revolução?

Autores/as

  • Valerio Arcary Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, IFSP

DOI:

https://doi.org/10.30611/2014n5id5146

Resumen

Na história e na vida não há mudança que não desperte oposição, não há luta que não encontre reação. Revolução e contrarrevolução são inseparáveis na história contemporânea. O argumento desta pesquisa é que revoluções devem ser compreendidas como um fenômeno histórico, ou seja, uma das formas de transformação da sociedades contemporâneas, que se precipitam quando fracassam as mudanças pela via das negociações. A sua característica definidora mais importante foi sempre a irrupção multitudinária das classes populares, e sua intervenção ativa na arena política: em outras palavras, a abrupta elevação da intensidade das lutas de classes. Por mais aguda que seja a crise econômica, por mais severas as seqüelas das catástrofes sociais, por mais dramática que seja a agonia de um regime político, sem que as massas entrem em cena, não se abre uma situação revolucionária. Uma revolução é um processo, não somente uma insurreição. E uma das características comuns às revoluções contemporâneas foi uma acelerada e intensa disputa pela direção, que leva à substituição vertiginosa de forças políticas à frente das massas em luta. Todas as revoluções começam como revoluções políticas (a luta pela derrubada de governos e regimes) e podem, na verdade, têm uma forte tendência à radicalização em revoluções sociais (a luta pela mudança das relações de propriedade). Revoluções não acontecem porque há revolucionários que as desejam. Organizações revolucionárias podem manter intensa atividade por décadas e permanecer, indefinidamente, marginais. Portanto, inofensivas. Um processo revolucionário só se abre quando a gravidade da crise social é tão grande que muitos milhões de pessoas, até então indiferentes aos destinos coletivos, despertam para a luta política.

Publicado

2016-10-06