DESCARTES E A TECHNÉ MODERNA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30611/2021n23id71849

Palavras-chave:

Modernidade, Representação, Ego cogito, Cálculo, Técnica

Resumo

O presente artigo analisa a contribuição de Heidegger para o entendimento de como a metafísica cartesiana da subjetividade concorreu para a concretização técnica do mundo, posto que essa posição metafísica se torna verdadeiramente conspícua para a nova liberdade do homem e para o modo de ser técnico da ciência moderna. Na representação matemática da natureza como objeto (ante)posto por um sujeito, o mundo então convertido em imagem, como pretende Heidegger, passa a constituir a essência da época moderna. Deveras, com sua redução a equações matemáticas, a res extensa é preparada para se transformar de matéria natural em produto da técnica. A centralidade do cogito, enquanto operador basilar da cognição calculadora, demarca o horizonte no qual tudo se desdobra como produto da vontade do homem, de sua projetualidade. Nesse sentido, a técnica  assoma como manifestação instrumental dessa vontade, e seu caráter – o de ser uma técnica científica, uma tecno-loghia - está subtendido no enquadramento matemático do saber calculante da ciência que emerge da racionalidade estruturada pela ontologia cartesiana, destinada a servir de meio para o controle e domínio da totalidade do real.

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Publicado

2021-08-28

Edição

Seção

Dossiê Filosofia da Técnica e Educação (III)