CORREÇÃO DA REDAÇÃO DO ENEM

UMA PERSPECTIVA DA FORMAÇÃO OMNILATERAL?

Resumo

O Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM - tem um papel essencial em relação ao acesso a universidades no Brasil, o que gera um impacto grande nas práticas pedagógicas das escolas de Ensino Médio. Nessa ótica, a redação do ENEM é bastante valorizada, haja vista representar uma das cinco áreas da prova e estar diretamente associada ao valor social atribuído pela nossa sociedade a “escrever bem”. Porém, alcançar uma nota alta na prova de redação não significa, necessariamente, ter obtido uma formação ampla, crítica, humana e integral, o que, em certa medida, pode ser verificado pela existência de diversos modelos de escrita desse tipo de produção textual, ora concebido com um gênero textual específico, direcionado exclusivamente para o alcance de uma pontuação no ENEM. Dessa forma, o objetivo deste artigo é investigar, ainda de forma preliminar, se o critério de correção da redação do ENEM relativo ao repertório sociocultural e sua aplicação é capaz de mensurar indícios de reflexividade associados à formação humana integral de estudantes e egressos do Ensino Médio Para isso, foi enfatizada a segunda competência do referido Exame, a qual avalia o repertório sociocultural do estudante. A investigação teve como base principalmente a Matriz de Referência do ENEM 2019 e conceitos fundamentais da EPT (Educação Profissional e Tecnológica), sendo tecidas ponderações analíticas baseadas em excertos de redações e descrições do critério de interesse constantes no referido documento, o que configura, portanto, um estudo de natureza documental. As análises realizadas indicam que, ao menos do modo como é concebido e utilizado, o referido critério é insuficiente para avaliar o repertório sociocultural dos candidatos, uma vez que informações e construções argumentativas abrangentes e não relacionadas aos temas das redações são utilizadas nos excertos sem haver posicionamentos críticos específicos que apontem para uma formação omnilateral.