A LILITH SARAMAGUIANA: REPRESENTAÇÃO DO FEMININO EM CAIM

Autores

  • Danielly Cristina Pereira Vieira Universidade Federal de Pernambuco

Resumo

Ao vislumbrar a produção ficcional do escritor José Saramago, nota-se a persistência de personagens femininas intrigantes pela sua constituição. São personagens dotadas de características de sujeitos ativos, que se expandem em subversão e racionalidade mística. Este artigo propõe um estudo acerca da personagem feminina lilith da obra Caim (2009), de José Saramago. Assim, pretendeu-se, primeiramente, traçar um breve percurso acerca da personagem mítica Lilith a fim de esboçar suas características primordiais. Para tanto, utilizou-se a teoria de Eliade (2011) acerca do mito e as teorias de Patai (1964), Koltuv (2017), acerca do mito lilithiano. Posteriormente, desenvolveu-se um percurso sobre as representações literárias femininas, respaldado, principalmente, em Brandão (2006). Em ambos os percursos verificou-se as relações sociais do feminino e suas correspondências com a personagem Lilith tanto mítica quanto literária através dos estudos de Butler ([1990] 2003), Beauvoir (2003). Em síntese, buscou-se analisar a representação da personagem feminina lilith no romance saramaguiano focalizando sua essência subversiva, libertária, feminina e a reverberação do seu discurso na contemporaneidade.

Biografia do Autor

Danielly Cristina Pereira Vieira, Universidade Federal de Pernambuco

Danielly Vieira é mestranda em Letras na área de Teoria da Literatura pela Universidade Federal de Pernambuco. É graduada em Licenciatura em Letras com dupla habilitação em Português e Espanhol na UFRPE, além de ter sido bolsista CAPES durante período no exterior para graduação sanduíche em Licenciatura em Estudos Portugueses na Universidade de Coimbra. 

Referências

AYERS, Mary. Masculine Shame: from Succubus to the Eternal Feminine. USA and Canada: Routledge, 2011.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1995.

BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

BLAIR, Judit M. The De-Demonising the Old Testament: an investigation of Azazel, Lilith, Deber, Qeteb and Reshef in the Hebrew Bible. Tübingen, Germany: Mohr Siebeck, 2009.

BRANDÃO. Ruth Silviano. Mulher ao pé da letra: a personagem feminina na literatura. 2.ed. revista. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.

COLONNA, Maria Teresa. Lilith or the Black Moon. Journal of Analytical Psychology, Londres, v. 25, n 4, p. 325-350, out., 1980. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1465-5922.1980.00325.x/abstract> Acesso em: 04 out. 2015.

DONOVAN, Josephine. Feminist Theory: The intellectual traditions. New York: Continuum International Publishing Group, 2012.

ESTES, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos: mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1994.

GARCIA-ROSA, Luiz Alfredo. Freud e o inconsciente. 24.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

KOLTUV, Barbara Black. The book of Lilith. Berwick, Maine: Nicolas-Hays, Inc. 1986.

PATAI, Raphael. Lilith. The Journal of American Folklore, Illinóis, v 77, n 306, p. 295-314, out/dez., 1964. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/537379> Acesso em: 15 de out. de 2015.

REGISTER, Cheri. American Feminist Literary Criticism: a bibliographical introduction. In: DONOVAN, Josephine (ed.). Feminist Literary Criticism: explorations in theory. 2. ed The University Press of Kentuck, 1989. p. 1-28.

SARAMAGO, José. Caim. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

SARTRE, Jean-Paul. O que é Literatura? São Paulo: Ática, 1989.

SELLIER, Philippe. Heroísmo (o modelo – da imaginação). In: BRUNEL, Pierre (Org.). Dicionário de Mitos Literários. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998. p.467-473

SILVA, Alexander. A Redenção de Lilith: o corpo feminino como estratégia transgressora na ficção de Octavia E. Butler. Revista eletrônica de Estudos do Discurso e do Corpo, Vitória da Conquista, v. 1, n. 2, jul-dez, 2012. Disponível em: <http://www2.uesb.br/labedisco/wp-content/uploads/2013/04/REDISCO-Literatura-de-Horror-e-Corpo.pdf#page=8> Acesso em 08 de out. 2015.

ZOLIN, L. O. Crítica Feminista. In: BONNICI, T; ZOLIN, L. O. (org). Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. Maringá: Eduem, 2009. p. 217-243.

Downloads

Publicado

2019-01-19