Transgressão Feminina
Emília Freitas e a transgressão da realidade através da narrativa fantástica
Resumo
Interessa nesse artigo o romance A Rainha do Ignoto de Emília Freitas (1855-1908), publicado originalmente em 1899, tendo sido reeditado em 1980 e 2003. A escritora cearense foi participante ativa do meio letrado de sua época e publicou textos em prosa, poemas e artigos em jornais e periódicos, além de uma peça de teatro. Em sua obra permeia traços de autobiografia e críticas sociais a escravatura negra e indígena, a vida doméstica cearense e críticas políticas dissimuladas. A obra a ser analisada é considerada o primeiro romance de aspecto fantástico na literatura nacional, sendo importante seu resgate para a revisão historiográfica desse gênero no Brasil. Busca-se desenvolver análise com o objetivo de compreender os elementos fantásticos da obra, detidamente na questão da transgressão da realidade através a narrativa fantástica. Uma vez que o gênero literário fantástico pode ser caracterizado pela desestabilização da realidade, verossimilhante a realidade extratextual, a partir de um elemento sobrenatural, gerando uma dúvida sobre sua existência, o que intensifica efeitos como medo, angústia, terror. Utiliza-se a concepção de David Roas (2014), que define o fantástico como uma categoria estética, cujo intuito é colocar em dúvida os limites e a validade da forma como se percebe o real.