Feminismo decolonial em Teresa Cárdenas e Miriam Alves
Resumo
O continente americano exibe diversidades quando pensamos na economia, no acesso à escolaridade, à saúde, dentre outros. No entanto, alguns comportamentos herdados nos aproximam, principalmente considerando a América latina. Um deles é o tratamento dado às mulheres. Se a América latina dispõe de um índice grande de inequidades e abusos em relação às mulheres, talvez um reflexo de muitos séculos de colonização espanhola e portuguesa, o índice de desigualdade e violência aumenta sobremaneira quando colocamos na equação a vida das mulheres negras. Este artigo traz reflexões sobre o feminismo decolonial presente na escrita de duas escritoras negras latinas, uma de Cuba e uma do Brasil. Trata-se de duas narrativas: um diário – Cartas para Minha Mãe, de Teresa Cárdenas, e um conto – “Cinco Cartas para Rael”, parte da coletânea Mulher Mat(r)iz, de Miriam Alves. Partiremos do embate entre as opressões de gênero e raça regidas pelo patriarcado a fim de chegarmos a um apelo contra essas opressões, observadas nas personagens protagonistas femininas de Cárdenas e Alves. Para além de refletirmos sobre como essas personagens representam-se dentro desse sistema, analisaremos também as personagens sexistas patriarcais, homens e mulheres, em ambas as narrativas, para então problematizarmos os desabafos das protagonistas femininas negras com relação ao racismo, sexismo e colonialismo. Reprovando os privilégios, a opressão e a discriminação da sociedade patriarcal, essas personagens se mostram fortes, a ponto de, por meio de suas escritas, se libertarem das agonias cotidianas.
Palavras-chave: Feminismo decolonial. Teresa Cárdenas. Miriam Alves. Patriarcado