IMAGENS POÉTICAS QUE FIGURAM O TEMPO EM "OS CUS DE JUDAS", DE ANTÓNIO LOBO ANTUNES
Resumo
O imaginário é compreendido como um conjunto de imagens capaz de cultivar um todo coerente, isto é, embora as imagens possuam sentidos variados, há sempre uma força subjacente que confere coerência aos sentidos emanados por elas. Este trabalho objetiva, portanto, investigar as imagens poéticas que figuram o tempo no romance Os cus de Judas, publicado em 1979, de António Lobo Antunes. Além disso, buscamos verificar como é articulado o conceito de tempo, de modo a compreender não só as estratégias narrativas e discursivas do autor, como também sua relação com o contexto histórico no qual estava inserido. Posto isso, adotamos como metodologia a pesquisa bibliográfica e de cunho qualitativo. Assim, refletimos sobre as imagens poéticas em Os cus de Judas, adotando como referência os estudos de Fonseca (2015), Durand (2011), Paz (2015), Bachelard (2009), Seixo (2002), entre outros. Através da análise da referida obra, constatamos que as imagens poéticas que emergem de Lobo Antunes figuram o tempo como o sobrestar da existência, a proximidade entre autor e narrador, entre testemunho e ficção. Além disso, peregrinam ao mundo etéreo, desconhecido e intangível ao ser vivente; ou, ainda, como um recurso de salvação.