A Armadilha mortal do discurso político inconsciente
Resumo
Fredric Jameson (1992) vaticina, em O inconsciente político, a necessidade de leituras alegóricas de obras literárias a partir de indicações sociais inconscientes. O discurso político sub-reptício das obras termina por ser mais revelador do artefato e seu momento de produção que as mensagens explícitas veiculadas na superfície. Assim, pretende-se, aqui, examinar o filme Armadilha mortal, dirigido por Sidney Lumet, em 1982, como uma alegoria da dinâmica por poder durante os anos Reagan, caracterizados pela instalação do que se chama hoje de neoliberalismo, para depois avaliar os perigos dessa leitura. Para isso, serão discutidas a relação entre os personagens como “guerra de todos contra todos” (bellum omnium contra omnes) e a necessidade de revisão interpretativa a partir do efeito Nachträglichkeit freudiano, impossibilitando a estabilidade semântica de elementos narrativos. Efetiva-se que a constante mudança de regras não escritas para a manutenção de uma suposta liberdade econômica solapa a aparente constância estilística, de forma que a insegurança interpretativa subsume a fixidez estrutural e temática.
Palavras-chave
Armadilha mortal. Neoliberalismo. Inconsciente político.