FRAGILIDADE E FORMAÇÃO: UMA ESCRITA EM CINZA
Abstract
Este artigo inscreve-se no gênero ensaio, que apresenta características próprias, que por vezes não atendem às exigências de um texto acadêmico. Trata-se de uma escrita que se movimenta para pensar a formação de profissionais da educação atravessada pela experiência da fragilidade. Uma conversa a partir de uma relação de intimidade, de pensar a formação como ensaio: uma metáfora potente que pode trazer a possibilidade de criar outras paisagens no processo formativo da educação. Um percurso que encontra no método cartográfico a possibilidade de cartografar a fragilidade pelos seus afetamentos: a estranheza, a solidão e o esgotamento. A pesquisa avança em uma escrita reflexiva que, em seu movimento, cria novos problemas, entre eles o de entrelaçar pesquisador e pesquisa em um exercício do pensamento, um pesquisar pesquisando-se. Experiência da formação que singulariza, que escuta, que conversa, que acontece como surpresa. Os teóricos que povoam o caminho/ensaio percorrido neste artigo foram Agamben, Beckett, Skliar, Deleuze, Guattari, Larrosa, além de alguns autores da literatura, como Guimarães Rosa e Ítalo Calvino.
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