DESCOLONIZANDO O EU-AUTOBIOGRÁFICO FEMININO: A QUESTÃO DA MEMÓRIA E HISTÓRIA NAS NARRATIVAS DA ESCRAVIDÃO

Autor/innen

  • Ana Carolina Andrade Pessanha Cavagnoli Universidade Federal de Santa Catarina

Abstract

Neste estudo, tratarei da questão da memória, história, autobiografia e a importância de olhar para o passado de modo a revisitá-lo, ressignificando-o no presente. É neste caminho de memórias e da tentativa de uma linguagem descolonial que situo a obra da escritora caribenha Maryse Condé, I, Tituba, Black Witch of Salem (1986). Contendo diversas abordagens, tais como, sob uma perspectiva feminista, o triplo sofrimento da mulher escrava, negra e bruxa, o romance também nos propõe uma crítica ao puritanismo e ao seu papel repressor no século XVII. Do seu estado mumificado, a protagonista Tituba renasce através do sopro de Condé e lança a sua resposta ao patriarcado três séculos depois. Veremos como o eu-autobiográfico feminino se situa no espaço literário de empoderamento a fim de reconstruir uma narrativa que uma vez fora silenciada. O passado é reaberto como um território propício à imaginação e à interpretação e é através da memória que essa recuperação ocorre.

Autor/innen-Biografie

Ana Carolina Andrade Pessanha Cavagnoli, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutora em Teoria da Literatura pelo programa de Pós Graduação em Literaturas da UFSC.

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Veröffentlicht

2017-08-01