Opressão e resistência:
a construção espacial nos discursos de 1984 e O ano de 1993
Abstract
Um espaço liderado pelo “Big Brother” onde as pessoas são vigiadas por uma tecnologia chamada “teletelas”, assim se caracteriza a Oceânia apresentada por George Orwell, na obra 1984, publicada em 1949. Décadas depois, em 1975, José Saramago apresenta cidades sem nomes, onde as pessoas são dominadas por animais biônicos e observadas pelo olho de mercúrio, cuja repressão compõe a atmosfera de O ano de 1993, obra tipologicamente localizada entre a prosa e a poesia. Desse modo, a presente investigação dedica-se a uma leitura comparativa entre os mundos autoritários construídos nas produções citadas acima. À luz da Semiótica Discursiva, o objetivo proposto é analisar como se dá a figurativização do espaço com o intuito de verificar os efeitos de sentido associados à opressão e à resistência nos discursos orwelliano e saramaguiano. Para tanto, são consideradas categorias semióticas, especialmente apresentados nos estudos de Greimas e Courtés (2012), Diana Luz Pessoa de Barros (2005), José Luiz Fiorin (2010) e Denis Bertrand (2000). O estudo confirma que o poema em prosa saramaguiano atualiza os valores críticos e figurativos abordados na obra de Orwell.