A tetralogia napolitana de Elena Ferrante como um bildungsroman feminino: As especificidades na construção de trajetórias femininas
Abstract
A proposta desse artigo é analisar a série de quatro romances da escritora italiana Elena Ferrante conhecida como tetralogia napolitana através da tradição literária do Bildungsroman feminino, revisão do gênero literário Bildungsroman proposto pela crítica literária feminista nos anos 1970. Com essa revisão da forma do romance de formação, que privilegia reflexões sobre a relação entre indivíduo e sociedade, teóricas feministas e escritoras passaram a enfatizar as construções de trajetórias de personagens femininas e questões específicas do gênero feminino como busca de independência financeira, relação entre mãe e filha, entre outras. Minha hipótese é que Ferrante, na construção das trajetórias das duas personagens principais da sua tetralogia, Elena Greco e Raffaella Cerullo, dialoga diretamente com a tradição literária do Bildungsroman feminino exatamente para consolidar sua tetralogia napolitana dentro dessa tradição e contribuir com a construção de uma epistemologia feminina que seja capaz de possibilitar escritas de narrativas femininas a partir de referenciais também femininos.