A MEMÓRIA VIVA DE JORGE SEMPRUN
Abstract
Somente passados mais do que cinquenta anos de sua libertação do campo de concentração nazista de Buchenwald, Alemanha, que o escritor espanhol Jorge Semprun conseguirá narrar sua vivência no campo, ou melhor, a vivência do horror. Em 1994, portanto, Semprun publica o romance A escrita ou a vida, que cumpre esse papel. Tanto no romance como em entrevistas posteriores, Semprun informa que o livro foi escrito em parte graças à opção autoral de ficcionalizar a sua vivência no campo de concentração. No caso de Jorge Semprun, narrar o trauma significaria a destruição da sua capacidade de linguagem? Seria a ficção a alternativa do autor para preservar essa memória do horror? Propomos, neste artigo, um trabalho de reflexão sobre a chamada “literatura do trauma”, com base na teoria de Henry Bergson e Maurice Halbwachs, entre outros, sobre a memória individual e coletiva, a partir da leitura crítica do romance A escrita ou a vida de Jorge Semprun.
References
BERGSON, H. Matéria e memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
CANDAU, J. Memoria e Identidade. São Paulo: Contexto, 2016.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. 2º ed. São Paulo: Centauro, 2009.
SELIGMANN-SILVA, M (org.). Apresentação da questão. In: SELIGMANN-SILVA, M. História, memória, Literatura: História, memória, literatura: o testemunho na era das catástrofes. São Paulo: Unicamp, 2003. p. 45-89.
SEMPRUN, J. A escrita ou a vida. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
__________, J. The Art Of Ficcion n. 192. The Paris Review. Disponível em: http://www.theparisreview.org/interviews/5740/the-art-of-fiction-no-192-jorge-semprn. Acesso em: 29 mar. 2017.
TAVARES, F. Memórias do esquecimento. Porto Alegre: L&PM, 2012.