A CONFIGURAÇÃO DOS NARRADORES DE LUCÍOLA E DOM CASMURRO
Abstract
Nos derradeiros anos do século XIX e início do século XX, o movimento que ganhou força no Brasil foi o Realismo. Surgindo em nosso cenário como a corrente que se contrapunha à romântica, propondo combater as criações idealizantes, a nova estética preconizava produzir uma literatura objetivista, trazendo em seus romances descrições mais precisas da realidade, com base na fidelidade da observação, e uma narrativa imparcial a fim de conferir um maior distanciamento, característica própria da corrente realista. Levando em consideração a imparcialidade do narrador e a ausência do seu envolvimento no romance, a pesquisa realiza uma comparação entre duas obras narradas em primeira pessoa, a saber: Lucíola, de José de Alencar, e Dom Casmurro, de Machado de Assis, autores considerados demasiadamente opostos do ponto de vista estético. Nessa perspectiva utilizamos como base teórica os conceitos de narrador digno de confiança e não digno de confiança de Wayne Booth, além do ponto de vista de Paul Ricoeur acerca desses conceitos, respectivamente, apontando que a imparcialidade e o objetivismo propostos pelo realismo se fazem, de certa maneira, mais presentes no romance alencarino. Desse modo, analisamos os métodos ou recursos que cada autor faz uso para conceder ao seu romance maior ou menor distanciamento do narrador, indicando como esse se porta para obter a confiança do leitor.Downloads
Published
2014-09-01
Issue
Section
Dossiê