Poesia mixada
as transliterações intermediais de Patrícia Lino
Résumé
As novas configurações da recente poesia portuguesa, sobretudo nas duas primeiras décadas do século XXI, se expandiram para além do campo estritamente literário. Inserida na era digital, alguns poetas têm articulado diversas formas de transliterações poéticas por meio de montagens sonoras e musicais, bem como através de vídeos-poemas e de poemas-performances. A propósito dessas práticas de mixed poetry [poesia mixada], destacam-se os trabalhos de Patrícia Lino, uma jovem poeta portuguesa que tem apresentado “objetos-livros” que questionam os limites da/na criação de poesia no tempo presente ao integrá-la às ferramentas high tech. No álbum de poesia mixada I who cannot sing, lançado no Brasil em 2020 pela Gralha Edições tanto em forma de livro quanto formato audiovisual no web site de título homônimo, nota-se um exercício de escrita poética transmedial hipermediado por meio de programas de computador. Ao se apropriar das práticas de um ou mais beats e de samples da música eletrônica, I who cannot sing traz a figura da poeta que “canta sem saber cantar”, ou melhor, de uma DJ que faz remixes de palavras, sons e vozes. Por fim, leem-se evidências dessas práticas de apropriação, colagem musical e pastiche sonoro nas composições “Eu q não sei escrever prefácios” e “Eu que não sei cantar”.